Van Damme é melhor que o UFC
Frank Dux, de 'O Grande Dragão Branco' (1988) ou Lyon, de 'Leão Branco, o Lutador Sem Lei' (1990). Os personagens lutadores que o ator belga Jean-Claude Van Damme imortalizou nas telas do cinema são disparados muito mais legais que qualquer lutador do UFC. É claro que gosto não se discute, a popularidade do Ultimate Fighting Championship é inquestionável, tendo aumentado consideravelmente desde a sua primeira edição em 1993. Mas a luta em si ao mesmo tempo que atrai cada vez mais fãs, deixa de agradar outro tanto de pessoas por estar sendo cada vez mais exposta. É como os artistas da música, Michel Teló e Luan Santana, por exemplo, ou ainda o tão adorado e odiado programa de TV Big Brother Brasil.Se fomos buscar a fundo, vamos descobrir que muita gente não gosta de futebol mesmo estando no Brasil. A maioria das pessoas só para para ver futebol quando o Brasil joga na Copa do Mundo, e isso tem acontecido cada vez menos com o passar do tempo, ou seja, não estão mais parando nem para isso. Não da para saber extamente como acontece a divisão do amor e do ódio, mas a impressão é que tags a favor e contra o cantor Justin Bieber aparecem no Twitter com a mesma proporção. O que não da para negar nisso tudo é que a quantidade de pessoas que resolve demonstrar seu interesse pelo menos gera dinheiro e renda para todos os envolvidos, ao contrário dos que são do contra, que por sua vez não trazem nem prejuízo. Assim nasceu a discórdia.
A mídia vai insistir no que é sucesso porque tem retorno. Os contrários vão ficar cada vez mais revoltados porque não vão aguentar mais ouvir falar do assunto em questão, de ouvir a música que não para de tocar ou ver as pessoas elouquecidas por algo considerado da pior qualidade por eles. Muitas vezes as coisas são realmente ruins, são as famosas modinhas, que todo mundo entra na onda e segue apenas porque o outro segue, tentando evitar ser diferente. Em outros casos pode até fazer algum sentido, fazer parte da evolução natural das coisas. Este pode até ser o caso do UFC, um campeonato de MMA que começou em 1993 e hoje tem o seu espaço por merecimento. Mas não significa que seja tão interessante quanto sua popularidade possa refletir, pois não consigo pensar que é melhor ver um dos filmes do Van Damme.
Você pode vir dizer que as lutas do Jean-Claude Van Damme não tem nada haver com as lutas do UFC, que não tem nem o octógono. Mas quando o UFC começou ele era disputado na forma de campeonato, onde a luta final foi vencida pelo brasileiro Royce Gracie. Pode dizer ainda que o Van Damme era um ninja americano no primeiro filme, um soldado imigrante no terceiro ou um cara do video game no quarto, mas em 'Desafio Mortal' (1996) e em 'Kickboxer' (1989), ele é lutador de Muay Thai e isso tem tudo haver com MMA. Só que mesmo sendo ou não cabível comparar os filmes ou personagens de Van Damme com o UFC, principalmente nessa época onde se aproxima a edição 142 que acontece no Brasil, eu o faço porque se trata de uma luta, uma luta de rua até, como no filme 'Clube da Luta', e nesse caso o real não supera a ficção na minha opinião.
Em primeiro lugar os filmes tem todo o lado dramático, com um irmão ficando paralítico ou amigo apanhando tanto a ponto de ser levado para o hospital. Segundo que mesmo lutando em campeonatos clandestinos, Van Damme nunca é o vilão da história, sempre tem uns bandidos mais perigosos que perseguem ele, sem falar no cara da luta final, sem dúvida o maior rival, um vilão que todos vão torcer contra. Fora tudo isso, Van Damme é melhor que o UFC porque não tem aquele agarra-agarra no chão, porque as lutas tem uma dinâmica melhor, com mais chutes e principalmente menos realidade, você sabe que é só ficção. Só que o detalhe não é ser contra a violência, eu adoro luta de boxe ou judô, caratê e taekwondo, tudo é legal, mas tudo parece ser feito com mais respeito que no UFC.
Nesse ponto o Van Damme ganha novamente, pois se trata de um filme e não da para ficar apenas lutando o tempo todo. Assim ele sempre treina para os campeonatos, com o mestre Senzo para derrotar o impiedoso Chong Li ou com o mestre Xian Chow. Os ensinamentos do passado, a essência das raízes, não parece que ele vai para o ringue lutar em vão, sempre tem um motivo especial. É óbvio que no esporte da vida real isso não é sempre possível, mas quando se luta em uma Olimpíada o clima é outro, todo mundo segue uma regra, ninguém parece estar ali com a cabeça levanta se achando mais do que o outro. E mesmo gostando de agarra-agarra no UFC ninguém assisti a luta greco-roimana, hoje luta olímpica, nas Olimpíadas. O Boxe também tem um lado interessante que impede a luta de continuar quando um boxeador cai no chão.
Não vou procurar um filme do Jean-Claude Van Damme para assistir no próximo sábado durante o UFC 142, mas também não vou fazer questão de assistir o evento onde os lutadores continuam se socando eternamente mesmo caídos no chão, mesmo que um dos dois não tivesse mais condições de luta há algum tempo. O Van Damme polpa o lutador caído, e só reage se perceber que vai ser atacado pelas costas. E ainda aposto que muitos vão assistir só porque passa na Rede Globo, ou será que todo mundo iria querer saber de Big Brother Brasil se ele fosse transmitido pela Rede TV!? Até a WWE é mais interessante que o MMA ou o UFC, pois mesmo que se fale em respeito ao adversário ou em qualquer outro lado positivo, o MMA é uma luta de rua, e já teve muitos campeonatos de rua, sem regras, um vale tudo literalmente. O que contribui naturalmente para os que não conseguem ver esse esporte com bons olhos, os que conseguem ver bem mais em um filme de luta do Van Damme. (Foto: Arquivo)
3 Comentários:
cara adorei, otimo postt!
Somos dois então amigo, os filmes do Van-Damme fizeram e ainda fazem parte da vida de todos de minha geração. Concordo com muitas coisas que você descreveu aqui, também acho muita agarração mesmo o UFC, mil vezes o Soldado Universal
@Anonimo: Obrigado pelo comentário. um abraço.
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