Como se todos os seus rivais estivesse lá
Já é sábado, dia 26 de julho de 2014, o fim de semana chagou, mas não é hora para descansar. Tony Martin estabeleceu um excelente tempo e ele precisa acelerar muito se quiser superar o campeão mundial. O esforço foi sublime, mas ficaram faltando quase dois minutos para ser o grande vencedor do dia. Tamanha dedicação e empenho nem eram tão necessário, pois sua ampla vantagem jamais poderia ser superada. Mesmo assim o “tubarão do estreito de Messina” mostra porque sua conquista é tão mereceida. Tudo porque ele corre para vencer mesmo que esteja muito longe de perder.
Sim, Chris Froome sofreu uma queda é não teve chance de brigar pelo título novamente. Sim, Alberto Contador também caiu e não teve chance de tentar vencer sem estar sob o efeito de doping. Não tem Andy Schleck, não tem Bradley Wiggins, não tem o vencedor do Giro de Itália Nairo Quintana, pois é impossível vencer as três principais corridas do ciclismo no mesmo ano. Só mesmo em anos diferentes. É para poucos, é para o italiano Vincenzo Nibali. Ele não se importa com as ausências de seus principais rivais, ele corre como nunca, como se todos eles estivesse colados na sua bota.
É quinta-feira, dia 24 de julho de 2014. Os ciclistas partem em direção à Hautacam, onde o Tour de France chega pela quinta vez em sua história. Ali, no topo desta montanha de categoria máxima, jamais o vencedor da etapa foi o dono da camisa amarela, pelo menos até esse ano incrível de um italiano incrível. Ele sobe os últimos sete ou oito quilômetros como se estivesse sendo seguido por Brody, Hooper e seus arpões assassinos. É como se estivesse já treinando para o ano que vem sabendo que muito provavelmente alguém estaria ali ao seu lado querendo roubar sua camisa de cor bonita. Foi a sua quarta vitória na 101ª edição da maior competição de ciclismo do planeta que mostrou bem como ele mereceu o título que conquistou.
O tubarão fez a Itália então se lembrar do pirata. A última vez que um representante da terra de Roma havia sido campeão do Tour de France foi em 1998, com Marco Pantani. Naquela época ele havia vencido o Giro e o Tour no mesmo ano, mas não levou a Vuelta da Espanha. Vencer as três grandes voltas de ciclismo do mundo é coisa para poucos, apenas seis ciclistas em todos os tempos. E Vincenzo Nibali se tornou um deles, e com uma vantagem tão grande quanto a que conseguiu Lance Armstrong em 1999, um título que foi caçado por doping; e Jan Ulrich em 1997, ciclista que também tem seus resultados sob suspeita. Agora Nibali reescreve a história das vitórias avassaladoras, pois correu da forma mais brilhante que um vencedor pode correr. Como se os seus rivais estivessem lá, mesmo que não houvesse nenhum deles ao seu lado.
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