Aqueles tais 31 segundos
A 76ª edição do Tour de France aconteceu em 1989. Um ano que teve algumas mudanças com relação ao ano anterior como não ter contra-relógio na penúltima etapa e não vestir o jovem mais bem colocado com a camisa branca, embora esta classificação fosse feita normalmente. Mas o que chamava mais a atenção naquela ocasião era a alternância na briga pela camisa amarela de líder geral entre dois competidores. Começou na etapa cinco depois que o português Acacio da Silva liderou quatro dias seguidos, quem assumiu o primeiro lugar foi o norte-americano Greg LeMond, mas ele perdeu esse primeiro posto para o francês Laurent Fignon na etapa nove e retomou na quatorze perdendo novamente na dezesseis. Uma disputa incrível que só poderia ter um final, o mais emocionante e equilibrado da história.O contra-relógio não aconteceu na penúltima etapa mas sim na última, como é feito no Giro d´Iália até hoje. Fignon tinha a camisa amarela, estava com as mãos na taça mas LeMond mostrou a ele porque foi tri campeão do Tour de France. Completou os 35 Km no time trial na primeira colocação e reassumiu de forma dramática a liderança que lhe garantiu mais um titulo, a diferença entre ele e o francês foi de apenas oito segundos, a menor de toda a história desta competição fascinante. Os incríveis oito segundos, o número sagrado dos chineses, esteve de volta na edição 2010 da Volta da França. Essa era a diferença entre o líder Alberto Contador e o vice-líder Andy Schleck antes do início da 19ª e penúltima etapa, hoje em dia o contra-relógio acontece na véspera do fim.
Esses oito segundos de diferença poderiam ser aqueles tais 31 segundos que haviam antes da 15ª etapa. Contador pediu na subida do Tourmalet que Samuel Sánchez fosse esperado pois tinha sofrido uma pequena queda, Carlos Sastre criticou esse jogo de 'fair-play' e disse que a modalidade se transformou em um esporte de mentira para crianças mimadas. O espanhol se esqueceu que já foi beneficiado quando levou seu título há dois anos pelo menos jogo limpo e seu compatriota que lidera se esqueceu do pacto quando Schleck teve problemas mecânicos e ficou para trás. Se não fosse aquela corrente caída talvez ele tivesse mantido os tais 31 segundos. Se o luxemburguês fosse líder por 31 segundos na penúltima etapa talvez tivesse andado mais forte e não teria ficado 31 segundos atrás de Contador. Um empate entre ambos faria 1989 deixar de ter sido o ano mais equilibrado de todos.Alberto Contador foi apenas o 35º colocado e temeu perder a camisa amarela. Ele chegou a ter apenas cinco segundos de vantagem na classificação geral mas acelerou muito no trecho final dos 52 Km entre as cidades Bordeaux e Pauillac. Foi aí que Andy Schleck perdeu tempo e perdeu o Tour de France. O espanhol cruza a linha de chegada comemorando e não consegue segurar a emoção, chora e diz que foi a mais difícil de todas as conquistas que já teve em toda a sua carreira. Não importa nem a diferença que teve para o vencedor do dia, o especialista desse tipo de prova Fabian Cancellara, o que importa é que ele abriu 39 segundos do seu maior rival neste ano e é praticamente o grande campeão. Agora só falta desfilar até o Champs Elysées em Paris, a capital francesa, para enfim poder enfim levantar o tão esperado troféu de tricampeão. (Fotos: Francois Lenoir/Reuters e Bryn Lennon/Getty Images via PicApp)
1 Comentários:
LEgal o blog, apesar de fugir um pouco da minha área assim. Parabens, tá organizado! =)
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