Saindo da sombra de Phelps
Jeito despojado e cabelo completamente desajeitado, ele poderia ser um surfista ou até mesmo skatista, mas não pratica os esportes radicais que tanto gosta. Comida fast-food com bastante refrigerante é sua refeição favorita e seu visual bizarro fica completo com os enormes óculos que usa para dar entrevistas. Na sola do pé direito o seu primeiro nome Ryan, e na sola do pé esquerdo o sobrenome Lochte, nadador norte-americano de grandes resultados na carreira, grandes conquistas e uma uma sina que ninguém gostaria de ter: viver à sombra de um compatriota melhor que ele, alguém que nada as mesmas provas que ele e que vem lhe superando em diversas ocasiões como Olimpíadas e Mundiais. A vida nas piscinas não é fácil quando seu rival é Michael Phelps, o maior medalhista olímpico de todos os tempos. Assim só restava ter paciência, a sua hora iria chegar mais cedo ou mais tarde.A hora de Kosuke Kitajima e Park Taehwan chegou, eles foram os únicos orientais que venceram no Pan-Pacífico de Natação, competição que esse ano aconteceu em Irvine, no Estados Unidos e que reúne os países banhados pelo Oceano Pacífico, com excessão de alguns ilustres convidados. Um desses 'intrusos' é o Brasil, que nunca havia tido uma participação tão boa, levou oito medalhas sendo duas de ouro. Poderiam ter sido quatro de ouro, mas César Cielo segundo ele mesmo estava um pouco desconcentrado nos 100m e 50m livres, ficou com o bronze e a prata 'apenas'. Bronze e Prata quase nem fazem parte do vocabulário de Natalie Coughlin por exemplo, 27 anos de idade é muita vontade de nadar, ficou em terceiro lugar em uma prova mas levou três de ouro, uma a menos que Jessica Hardy, os norte-americanos adoram colecionar medalhas, Michael Phelps e Ryan Lochte que o digam.
Mundial de Melbourne em 2007 ou Olimpíadas de Atenas em 2008. Quantas vezes Lochte poderia se lamentar por ter nascido na mesma época que o maior fenômeno da natação mundial em todos os tempos? No Pan-pacífico não há limites de participantes por países mas há limites de representantes de cada um deles na decisão, Ryan Lochte tem o melhor tempo nos 400m medley e Michael Phelps não tem o segundo, o posto é ocupado pelo 'intruso' Tyler Clary que não é brasileiro e sim americano. Sorte de Thiago Pereira que fica com o bronze, azar do dono de 14 medalhas de ouro olímpicas que não pode nadar a final. Ryan Lochte não só ganha a prova como ganha o mundo, aproveita que o compatriota se poupa também nos 200m medley e leva mais uma medalha de ouro para casa, Irvine vai ter que parar para dar atenção ao Pan-Pacífico de natação, pois o nadador-surfista-skatista finalmente saiu da sombra de Phelps.Não é fácil sair da sombra de alguém como Phelps, dono de uma das maiores envergaduras da natação ele faz sombra em qualquer um que passar por perto. Ainda tem muito chão para Londres 2012 porém ninguém pode dizer que Michael Phelps não fará história por lá como fez em Pequim, justamente porque em Irvine levou cinco medalhas de ouro, um resultado absolutamente excelente, mas não o melhor da competição, pois Ryan Lochte está sob o sol, sob os holofotes e vendo que sua hora chegou finalmente. Os revezamentos 4x100m e 4x200m livres, nem precisou do medley, as provas individuais dos 200m e 400m medley além dos 200m livres e 200m costas, Lochte levou seis medalhas de ouro e deixou Phelps para trás engolindo água. Até as próximas Olimpíadas tudo pode mudar e voltar a ser como antes, mas hoje os papeis se inverteram como ele sempre esperou e ninguém pode lhe tirar a esperança que tudo continue sendo assim daqui pra frente. (Fotos: via Christinne Muschi/Reuters PicApp)
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