Ele lembrou de 2007 e 1989

O ano de 2010 não poderia ser levado em consideração, e o fato de Andy Schleck ter ficado em segundo lugar nas últimas duas edições, com Contador vencendo e com Contador fora desta disputa não fizeram a menor diferença. A expressão de força acima dos limites humanos, os olhos vermelhos e cheios de lágrimas no alto do pódio mostram como sua determinação foi incrível no penúltimo dia do Tour de France, mostraram o quanto seu trabalho foi inteligente e bem planejado, sem desespero, esperando o momento certo para triunfar. Em 2008 o segundo vice veio após a etapa da contra-relógio, com a liderança mantida por Carlos Sastre. Já em 2007 a base para uma esperança nesse ano de 2011 que nunca havia sido deixada de lado, o australiano sabe fazer uma prova contra o relógio realmente espetacular.
Contador foi campeão pela primeira vez em 2007, mas talvez naquele ano Cadel Evans já pudesse ter faturado o seu primeiro título. A desvantagem do australiano antes da prova de contra-relógio era de 1min50s, terminando em apenas 23 segundos depois da prova individual. E muito provavelmente foi nessa ano que Evans baseou toda a sua esperança para 2011, quando tinha 57 segundos de desvantagem para Andy Schleck, considerando também que o luxemburguês não é bom nesse tipo de disputa, e era para ser, um campeão sempre tem que ter um contra-relógio bom, Contador tem, Lance Armstrong era um verdadeiro especialista. No meio do público ele pedala como nunca, nas subidas, nas descidas, na reta final, depois de 20 etapas e mais de 3300 Km percorridos a camisa amarela é finalmente sua, para o desfile triunfal até Paris.
Neste domingo o código de ética não permite que haja uma briga pela camisa amarela, essa é a grande tradição do Tour de France, mas nem sempre foi assim. Em 1989 a última etapa era justamente a etapa de contra-relógio, aconteceu no dia 23 de julho, trecho de 25 Km entre Versailles e Paris. Naquela ocasião Laurent Fignon tinha a camisa amarela de líder, tinha 58 segundos de vantagem para o segundo colocado, ironicamente quase os mesmos 57 segundos que Schleck tinha nesse ano. Não era suficiente para vencer, Greg LeMond venceu a etapa como Cadel Evans quase venceu neste sábado, e assumiu a liderança por apenas oito segundos, a menor diferença da história. Cadel Evans não passou raspando, conseguiu ainda colocar 1min34s em Andy que será vice pela terceira vez seguida, algo que o australiano não queria mais, agora ele finalmente é primeiro, pela primeira vez, sem ataques fulminantes, sem comemorar sua própria vitória em etapa e sem desespero. Cadel Evans teve paciência para esperar seu dia chegar e será campeão justamente por ter corrido com calma e paciência. (Foto: AFP PHOTO / PASCAL PAVANI via Getty Images)
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