Quase um tour em Nova York
Por cima da Verrazano-Narrows Bridge sobre as águas que separam Staten Islan do Brooklyn havia um mar, um mar de gente, mais de 43 mil pessoas que simplesmente corriam, em busca de um só objetivo: percorrer 42,195 mil metros. Não se trata de uma maratona qualquer, esta é uma maratona emblemática, disputada desde 1970, sempre trazendo um sentimento e uma emoção a mais que só mesmo a cidade de Nova York pode proporcionar. Rumo ao Queens, e depois mais uma ponte pelo caminho, o destino agora é a tão adorada Manhattan, em seguida um pouco de Bronx, é um verdadeiro roteiro turístico, terminando em um local que não poderia ser outro, o Central Park, para respirar o ar puro que o belo dia de sol e temperatura agradável proporcionou neste domingo.Alguns não tinham essa expectativa tão boa. No final do mês de outubro chegou a cair neve em Nova York, algo que não costuma acontecer nessa época do ano. Frio, vento gelado, tudo que um corredor de rua não gosta de sentir, ainda mais em uma maratona. Nova York não estabelece um tempo limite para cada competidor amador, você demorar o quanto for preciso para alcançar o seu objetivo, Nova York é especial por esses detalhes, ela se lembra do passado, homenageia a norueguesa Grete Waitz que foi vítima de câncer em abril deste ano, ela é maior vencedora em todos os tempos com nove triunfos entre 1978 e 1988. Hoje a Noruega não brilha mais, quem divide espaço é a África e a Europa, mas quem se deu melhor no feminino como em 2009 foi mais uma vez a Etiópia.
Na largada, do outro lado do rio e bem longe do Central Park, ela nem poderia imaginar que no final seria a primeira colocada. Mas a Maratona de Nova York que um dia já foi disputada inteiramente no Central Park, hoje passa pelos cinco distritos da Big Apple. O segundo deles mostrou uma recuperação, o terceiro uma esperança, o quarto uma realidade o quinto a glória que todos sonhavam alcançar. Mary Keitany liderou até com folga em praticamente todo o longo percurso, mas no quilômetro final perdeu suas forças, logo no momento decisivo, e acabou sendo ultrapassada pela grande campeão do dia Firehiwot Dado, que venceu a maratona de Roma três vezes. Sua compatriota Buzunesh Deba, que mora no Bronx, ainda conseguiu a segunda colocação.
A corrida masculina por sua vez não teve um tom dramático, mas teve um verdadeiro show queniano que entrou para a história dessa prova que já é histórica. Geoffrey Mutai, nascido em 1981 e apontado hoje já como favorito à vitória em Londres 2012 cravou seu nome no cenário internacional definitivamente. O atleta havia feito o tempo de 2:03:02 na Maratona de Boston, mas isso não pode ser considerado recorde mundial porque em Boston existem muitas descidas. Agora em Nova York o recorde da prova que durava dez anos foi batido e ninguém pode contestar esse feito, 2:05:06, quase dois minutos melhor que a marca de Tesfaye Jifar conseguida em 2001. Um feito memorável na corrida que encanta, assim como encanta a todos a belíssima e sempre surpreendente cidade de Nova York. (Foto: Getty Images)
1 Comentários:
É impressionante como os quenianos dominam as corridas de rua. Uma vez eu cheguei a ver uma reportagem especial sobre a formação de atletas no Quênia para corridas de rua e é algo surreal.
Os caras são apaixonados por esse esporte e as crianças começam desde cedo, como fazemos aqui no Brasil com o futebol e lá não tem essa de ser criança ou não, os treinamentos são puxados e muitas das vezes em lugares ingrimes. Deve ser por isso que hoje em dia esse país, sem tradição nenhuma em outros esportes domina todas as corridas do circuito mundial.
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