Histórias da Fórmula 1 XI
Somos hoje testemunhas de uma obstinada busca pela melhor aerodinâmica na Fórmula 1. O que fazer com o difusor e como driblar o regulamento, tudo em busca de mais velocidade na briga pelas vitórias e pelos pontos. A categoria máxima do automobilismo sempre foi assim, até mesmo no final da primeira década de sua existência qunado ocorreu uma verdadeira revolução nos carros. Naquela época a Ferrari já existia, mas os cavalinhos rampates eram relutantes em relação às mudanças. Assim coube à Cooper Climax inovar com o seu T51, onde o motor foi colocado pela primeira vez na parte traseira do carro, mais centralizado. Havia também um tanque de 2,5 litros e o principal: quatro ciclindros, o fato que para muitos fazia a maior diferença nos resultados que acaram conseguindo naquele ano de 1959.O ano de 1959 marcou a despedida do francês Jean Behra, que correu pela Ferrari nesse ano e acabou morrendo em um acidente ocorrido em uma outra corrida de carros não oficial pilotando um Porsche. Outra despedida fatal foi de Mike Hawthorn, o campeão do ano anterior que se aposentou após faturar o título de 1958. Ele morreu antes do início da temporada em um acidente de carro banal na estrada. A Ferrari talvez tenha ficado abalada com as mortes, principalmente após o ano de 1958 que havia sido marcante justamente pelos acidentes fatais, mas conseguiu duas boas vitórias com um mesmo piloto britânico. Tony Brooks levou o GP da França, onde havia feito a pole-position, além do GP da Alemanha, onde além da pole marcou também a volta mais rápida. Excelente, mas insuficiente para ser mais do que o vice-campeão daquele ano.
Parece esqusito e difícil de entender. Como é possível a Cooper Climax fazer um carro revolucionário que mudou a história e ainda assim sofrer pressão da Ferrari no campeonato? Quase perder o título de pilotos ganho por uma diferença mínima na última corrida. A resposta para isso talvez faça você se lembrar da Red Bull em 2009. Sem jogo de equipes, sem privilégios para nenhum piloto em especial. A Cooper tinha quatro pilotos em sua equipe principal, mas o T51 era usado por outras oito equipes. A R.R.C. Walker Racing Team ainda contava com o talento de Stirling Moss, que ao contrário dos outros T51 usava o tanque de 2,5 litros como os pilotos da Cooper Car Company. O resultado acabou sendo cinco vitórias em oito etapas divididas entre três pilotos: Stirling Moss, Bruce McLaren e Jack Brabham.
Stirling Moss tem uma história muito interessante. Ele nasceu em Londres no ano de 1929, pilotou Maserati, Mercedes, Vanwall e foi trabalhar até na Lotus. Ele acabou sendo uma grande vítima do acaso, aquela pessoa a que todos se referem como alguém que nasceu na época errada. Juan Manuel Fangio sempre foi a sua pedra no sapato, mas mesmo quando o argentino se aposentou ele continuou amargando a segunda ou terceira colocação. Ele teve um carro revolucionário nas mãos em 1959, como Rubens Barrichello teve em 2009 com sua Brawn GP. Ele venceu os GP´s de Portugal e da Itália, duas vitórias seguidas, mas abandonou quatro vezes e o segundo lugar em casa não bastou para ser campeão. Hoje, aos 82 anos, é lembrado como "O grande piloto que nunca foi campeão".
Bruce McLaren também nunca foi campeão, mas o seu sobrenome sim depois que resolveu além de pilotar ser também engenheiro, construtor e progetista de carros. Foi um dos fundadores de uma das equipes mais vitoriosas da Fórmula 1. Correndo em 104 GP´s ele subiu ao pódio 27 vezes com 3 voltas mais rápidas. No total foram quatro vitórias, sendo a primeira delas com 1959 com o Cooper Climax T51. Na última corrida daquele ano, quando o GP dos Estados Unidos voltava ao calendário, sem ser as 500 milhas de Indianápolis que fazia parte do campeonato e que nenhum piloto participava. Bruce triunfou com 22 anos e 104 dias, se tornando o piloto mais jovem a vencer na Fórmula 1, um recorde incrível, principalmente pela época, e que iria resistir por praticamente cinco décadas até ser quebrado.
Assim foi o ano de 1959, com a Cooper Climax tendo o melhor carro e quase não sabendo o que fazer com isso. Com Tony Brooks tentando fazer mágica com a Ferrari. Com Stirling Moss vivendo sua sina de nunca ser campeão e com Bruce McLaren muito jovem para fazer mais história do que acabou fazendo. Sem esquecer é claro de um outro piloto da Cooper que evitou o vexame do carro revolucionário, o australiano Jack Brabham, outro que assim como Bruce também teria sua própria equipe com seu próprio nome. Brabham venceu apenas duas vezes, mas se o campeão fosse Brooks ou Moss teria apenas duas vitórias na temporada também. Ambos, no entanto, não teriam um quarto lugar como teve Jack Brabham na última corrida do ano, quando saiu de dentro do T51 para literalmente empurrá-lo até cruzar a linha de chegada depois de ficar sem combustível e desta forma garantir os pontos suficientes para ser o grande campeão de 1959. (Foto: Arquivo)
1 Comentários:
Por estas e outras é que amamos este esporte.
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