Daytona 500 e o incêndio em Roma
Era a noite do dia 31 de julho do ano 64. A sudeste do Circo Máximo, onde se localizavam alguns postos que vendiam produtos inflamáveis. Teoricamente teria sido o próprio imperador Nero o causador do Grande incêndio de Roma. E após 1948 anos, na noite de 27 de fevereiro de 2012, não resta a menor dúvida de quem foi o causador das chamas em Daytona. Nero colocou fogo em Roma e Juan Pablo Montoya incendiou a pista do Daytona International Speedway. Um dia para a história do esporte, em um acidente inédito na história da NASCAR. Por sorte as labaredas não duraram cinco dias e nem destruíram quatorze distritos da cidade, mas em longas e intermináveis duas horas de bandeira vermelha foi possível fazer tanto quanto já havia sido feito enquanto a corrida nem tinha começado.Sobra tempo para ir ao banheiro, sobra tempo até para fazer um lanchinho. Isso que eu chamo de um verdadeiro momento Montoya. Danica Patrick tirou fotos com os fãs e durante as 2h05m29s de paralisação o piloto Brad Keselowski teve tempo de sobra para usar o celular captar uma foto do acidente e postar no Twitter. A ação lhe rendeu um aumento de quase 100 mil seguidores. A "Grande Corrida Americana", como é conhecida a Daytona 500, primeira etapa da temporada da NASCAR, devia ter começado no domingo à 1h30 da tarde no horário local. O problema era a chuva, que fazia os organizadores irem adiando o início, mas a água insistia em cair. Pela primeira vez na segunda, em horário nobre porque continuou chovendo o dia inteiro. Sob luzes artificiais a água deixou de ser um problema e o fogo entrou em cena.
Depois da água e antes do fogo, muitos foram dar um passeio na grama. Danica Patrick tem muitos fãs para tirar fotos com ela, mas não tem muito sucesso na pista. Quinta-feira se acidentou, sábado fez o mesmo após largar na pole da Nationwide Series (Segunda divisão da NASCAR). As provas que fará na Sprint Cup servirão para ela pegar experiência, mas não duraram nem duas voltas seus testes em Daytona. Danica foi engolida pelo primeiro de vários acidentes da noite que levou também o campeão do ano passado Trevor Bayne. Era apenas o começo, pois o show de batidas continuaria por um longo tempo, até o mais impressionante e inacreditável de todos eles. O colômbiano Juan Pablo Montoya, que venceu em Mônaco, que já ganhou as 500 milhas de Indianápolis, que tem carisma e sabe como fazer uma corrida pegar fogo, literalmente falando.
Estávamos na volta 160 quando Montoya teve problemas no câmbio e foi ficando para trás, sozinho na pista. A prova estava paralisada com bandeira amarela, sim, mais um acidente havia ocorrido. Até que o piloto da Chip Ganassi com seu carro vermelho inconfundível perde o controle bem onde o caminhão-turbina fazia a limpeza da pista. Um caminhão lotado de combustível. Querosene de avião. E então a grande explosão. Fogo para todos os lados, uma cena fantástica e aos mesmo tempo assustadora, pelo menos até a hora que Montoya é visto amparado pelos fiscais e andando, com alguma dificuldade, mas andando. Ou até chegar a notícia de que o motorista do caminhão também está bem e em segurança. Em Roma muitos talvez não tenham tido essa sorte toda. Não teve bandeira amarela, já estava em bandeira amarela, o jeito foi dar bandeira vermelha mesmo.
E lá vamos nós para mais uma longa e cansativa espera. Foram mais de 30 horas de espera para o início de um dos maiores eventos esportivos do ano. Não custa tanto assim esperar mais um pouquinho, quando após o retorno a prova de domingo invade a madrugada de terça-feira. E não sem o que é mais comum do que correr em círculos por uma pista inclinada de altíssima velocidade, os acidentes, que continuaram acontecendo e interrompendo a prova. Mas nada tão grave quanto o acidente de Montoya, nada que precisasse de sabão em pó para limpeza total da pista. No final se totalizaram dez bandeiras amarelas, uma delas bem no momento decisivo que fez a organização prorrogar a chegada. Green-White-Checkered. Mais algumas voltas para que o campeão seja legítimo, sorte de Matt Kenseth e azar de Dale Earnhardt Jr.
Daytona 500 é assim mesmo, incrível. Kenseth alcançou sua 22ª vitória na carreira, a segunda em Daytona, que mostra o quanto ele é competente e o quanto mereceu o triunfo também, se sentindo praticamente como o campeão de uma maratona. Mas devemos tirar o chapéu e elogiar muito o segundo colocado também, Dale Earnhardt Jr., o filho de Dale Earnhardt que morreu disputando essa mesma mítica Daytona 500. Derrotado apenas porque o companheiro de equipe de Kenseth se colocou entre ele e Dale, vendo de camarote a exímia competência do rival que o ultrapassou de forma sensacional pouco antes da linha de chegada. 203 voltas, 36 horas de espera, a água, o fogo, a Daytona 500. Grandes eventos esportivos são como grandes acontecimentos da história mundial, tenham eles como protagonistas Nero ou Montoya. Ficam marcados no tempo e jamais poderão ser apagados, algo que só acontece com os incêndios. (Foto: John Harrelson/Getty Images for NASCAR)
2 Comentários:
Sem dúvida alguma, o cara acertar o caminhão turbina é algo que não acontece todo dia...
Ele devia estar comendo um hamburger, e a maionese escapou da mão, abaixou pra pegar e ai...cabumm! Só pode!
abs
@Marcelonso: Pode crer Marcelo, o mais incrível momento Montoya de todos os tempos !
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