Provocações muito exageradas
É completamente normal as provocações entre os lutares antes de uma luta de boxe. No caso mais famoso de todos eles Muhammad Ali não poupava Joe Frazier em nenhuma de suas declarações. Um dos maiores lutadores de todos os tempos exagerava com sua agressividade verbal e acabou vendo um Frazier feroz e raivoso naquele que foi o terceiro encontro dos dois em cima de um ringue. Dizem que palavras agressivas muitas vezes machucam mais do que uma agressão física propriamente dita, mas esse outro tipo de provocação, como morder a orelha do oponente durante o combate, é completamente inadimissével. Ali contra Frazier, Tyson contra Holyfield. Grandes lutadores, grandes duelos, grandes provocações, normal, até o dia que um tal de Dereck Chisora resolve provocar.Não que Dereck Chisora, dentro desse mundo de provocações pré-lutas de boxe, não tenha o direito de provocar. Mas quem é esse Chisora perto de Mike Tyson, Evander Holyfield, Muhammad Ali ou Joe Frazier? Quem é ele diante do campeão mundial dos pesos pesados pelo Conselho Mundial de Boxe Vitali Klitschko? Um Chisora que no ano passado lutou três vezes e perdeu duas, não da para imaginar nem por que teve direito de desafiar o campeão. Dereck Chisora só ganhou de Remigijus Ziausys, da Lituânia, em 2011. Talvez, por ter sido naturalizado britânico após ter nascido no Zimbábue, ele pense que pode provocar um Klitschko como seu agora conterrâneo David Haye provocava. Mas certamente não é isso pois até com Haye ele se desentende. Um desentendimento que contra Klitschko na pesagem acabou sendo muito exagerado.
Face a face. Aquela tradicional encarada dos lutadores antes da luta e do nada Dereck Chisora desfere um tapa de mão aberta no rosto de Vitali Klitschko. Um completo absurdo, uma provocação tão exagerada e tão incomum que virou notícia no mundo inteiro, pelo menos muito mais gente ficou sabendo dessa luta tão importante e não tão valorizada como merece ser. Chisora foi devidamente multado por suas atitudes incabíveis, mas continuou querendo ser Ali ou Tyson, enchendo a boca de água e cuspindo no rosto de Wladimir Klitschko, o irmão de Vitali, pouco antes da luta começar no Olympiahalle, em Munique, na Alemanha. Será mesmo que Dereck Chisora imaginava desestabilizar os irmãos com essas provocações tolas e exageradas? O máximo que conseguiu foi retardar de forma dolorosa o seu fim inevitável.
Muhammad Ali não imaginava que Joe Frazier fosse resistir até o 14º round daquele primeiro de outubro de 1975. Hoje ver dois lutadores praticamente inteiros e resistentes após 12 rounds nos faz pensar que a regra deveria ir até 15 ainda. Dereck Chisora resistiu com sua guarda completamente fechada, seus golpes laterais em Klitschko pouco acima da cintura e seu jeito esquisito de ficar se abaixando o tempo inteiro, que lhe rendia intermináveis chamadas de atenção do juiz. Já Vitali Klitschko aproveitava para mostrar porque era o campeão e porque não sente nem esse tipo de provocação exagerada. Diretos de direita fulminantes quando tinha a chance, excelentes golpes de esquerda e o principal: A tomada de iniciativa durante todo o combate. No round nove em especial o seu melhor desempenho.
A decisão unânime dos juízes mostra quem é o verdadeiro campeão. Uma decisão tão precisa quanto aquela que multou Chisora pelo tapa e que deveria multar pelo cuspi. Em meio à provocações exageradas de quem não é nem alguém para fazer provocações, de quem é alguém que não reconhece nem uma derrota justa, alguém que mesmo superado ainda segue incontrolável, querendo mais briga e dando continuidade à suas exageradas provocações. Dereck Chisora critica o juiz, pede revanche contra Vitali e ainda aproveita para desafiar Wladimir, que é o dono dos outros três principais cinturões dos pesos pesados. Ao mesmo tempo que Vitali Klitschko mantém o seu, do qual é dono desde 2008, aos 40 anos de idade com 44 vitórias e 40 nocautes em 46 lutas. A sua última derrota foi em 2003, contra Lennox Lewis, também britânico, mas um britânico que não fazia provocações exageradas, um lutador que assim como Vitali simplesmente sobe no ringue e resolve os problemas lutando boxe. (Foto: AP Photo)
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