Os sete títulos que lhe fizeram levar mais um

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Paris, França, 1917. Cortando as nuvens pelos ares ele vem com toda sua fúria à bordo do seu Morane-Saulnier. E não era dizendo "Somos kamikazes, incapazes de ir à luta". Pois ele era um ás da aviação. Um desbravador que alcançava o céu inspirado em Santos Dumont. O vencedor de cinco batalhas no conflito de 1914-1918 que colocava medo em qualquer um. Até o dia que fora abatido pelos alemães e feito prisoneiro, mas ainda assim guardando forças para fugir e continuar lutando. Esse foi Roland Garros, um pioneiro da aviação francesa que ninguém ousava subestimar. O homem que hoje da nome a um aeroporto e também a um complexo de quadras de tênis, um torneio de tênis, uma competição que conta atualmente com um jogador tão temido quanto ele foi no início do século passado.

Ninguém podia contra metralhadoras na asa, uma inovação tecnológica incrível para aquela época, então como Fabio Fognini e Kei Nishikori esperam ter alguma chance diante do maior vencedor em quadras de saibro de toda a história do tênis? Nem Roland Garros poderia imaginar que os recordes de Björn Borg seriam superados desta maneira por um espanhol raçudo, mas todos eles foram simplesmente aniquilados. Assim não existe um Stanislas Wawrinka que resista ou um David Ferrer que possa fazer mágica com suas duas semanas fantásticas. Mas havia um sérvio que conseguiu fazer o grandioso Rafael Nadal se sentir em Ardenas, perto de Vouziers. Lá onde Roland Garros foi morto, lá onde ele está enterrado até hoje.

Um sepultamento na quadra de saibro quase foi possível. O fim de uma dinastia, ou uma pausa como ocorreu em 2009, quase esteve perto de acontecer. Rafael Nadal viveu longos meses afastado do circuito devido a uma lesão, e quando retornou ele mesmo acreditava que não era mais o mesmo. E quem quase acreditou nessa história aparentemente tão irreal foi Daniel Brands, um alemão que sonhou derrubar o espanhol como os alemão derrubaram Garros. O desconhecido jogador ganhou o primeiro set do primeiro jogo diante de Nadal antes de ser despachado. E se não bastasse apareceu um tal de Martin Kližan para repetir outro improvável 6-4 na primeira parcial. Será que Nadal já não é mais o mesmo Rei do Saibro de sempre? Se não é, contou com um fator decisivo para continuar sendo.

O maior vencedor de um mesmo Grand Slam no masculino na Era Aberta. Roland Garros era temido nos céus que voava porque fez a sua fama de vencedor imortal. E Rafael Nadal conseguiu o mesmo atuando em quadras de saibro. Novak Djokovic, com seis títulos de Grand Slam, vitórias sobre Nadal, até mesmo no saibro, não conseguiu aproveitar uma das maiores chances de acabar com esse reinado que jamais sonhou tornar realidade tão cedo. Então como um freguês como Ferrer poderia fazer. Sete títulos nas costas fizeram a grande diferença para ele poder levar mais um, o oitavo, um recorde que nem Pete Sampras conseguiu na sua amada grama de Wimbledon. E o americano que se cuide, o suiço recordista de Slam´s também. Porque Nadal está chegando cada vez mais perto, e pode alcança-los apenas com o aviador Garros a seu favor, afinal no ano que vem oito poderão lhe fazer ter nove, pelo menos se todos continuarem temendo o rei do saibro por esse "simples" fator. Porque Nadal simplesmente voa de Demoiselle em Paris.

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