Brasil, o país do Beach Tennis
A escolha de Ribeirão Preto como sede da Copa do Mundo de Beach Tennis em 2025 consolida um movimento que, para os observadores atentos do cenário esportivo global, já se desenhava como inevitável: a interiorização do prestígio de uma modalidade que encontrou no Brasil não apenas um lar, mas o seu principal palco de espetáculo. A cidade do interior paulista, que já vinha demonstrando capacidade organizacional e paixão pelo esporte ao sediar etapas grandiosas do circuito mundial — como o renomado Sand Series —, prepara-se agora para receber a competição máxima entre nações, reafirmando a posição do país como a grande potência contemporânea do "tênis de praia".Embora o Beach Tennis tenha suas raízes fincadas na província de Ravennana, na Itália, onde surgiu de forma recreativa na década de 1980 antes de se profissionalizar em meados dos anos 90, foi nas areias brasileiras que a modalidade experimentou uma ascensão meteórica e sem precedentes. O Brasil não é hoje apenas um dos principais países do esporte; é, indiscutivelmente, o epicentro de seu crescimento demográfico e comercial. Estima-se que existam mais de um milhão de praticantes em território nacional, um fenômeno que vai além d a orla litorânea e invadiu clubes e arenas "indoor" em cidades distantes do mar, como a própria Ribeirão Preto, transformando o país na nação com o maior número de jogadores ativos no mundo.
No cenário competitivo de elite, a hegemonia é disputada ponto a ponto, principalmente, por duas nações: Brasil e Itália. Os italianos, criadores do jogo e detentores de uma técnica refinada e tradicional, mantêm-se como adversários formidáveis e históricos. Contudo, o Brasil, valendo-se de sua vasta base de atletas e investimento na profissionalização, alcançou o topo do ranking por equipes da Federação Internacional de Tênis (ITF), alternando vitórias e títulos mundiais com os europeus nos últimos anos. Além desta polarização, outros países vêm fortalecendo suas escolas e merecem destaque no cenário internacional, notadamente a França e a Espanha, que têm revelado talentos consistentes, além da Rússia — historicamente forte — e da Venezuela, que mantém tradição na América do Sul.
A realização da Copa do Mundo em solo brasileiro garante ao público a oportunidade de ver de perto a elite planetária da modalidade. Entre os nomes que dominam as quadras, destacam-se figuras brasileiras como André Baran, referência técnica e de potência no masculino, e a dupla feminina Rafaella Miiller e Vitória Marchezini, que figuram constantemente entre as melhores do mundo. Do lado internacional, o circuito é abrilhantado por lendas vivas como o italiano Michele Cappelletti, muitas vezes considerado o maior jogador da história, seu compatriota Mattia Spoto, e o francês Nicolas Gianotti, que rompeu a barreira ítalo-brasileira para disputar a liderança do ranking mundial.
Portanto, a edição da Copa do Mundo em Ribeirão Preto não será apenas um torneio; será a celebração de um esporte que, embora nascido no verão europeu, adquiriu alma e ritmo brasileiros. A infraestrutura de nível internacional prometida pela cidade sede reflete o amadurecimento do Beach Tennis, que deixou de ser visto como um mero passatempo de veraneio para se estabelecer como um desporto de alto rendimento, capaz de movimentar economias locais e atrair multidões, independentemente da proximidade com o oceano.


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