Histórias da Fórmula 1 X
Quem por acaso já ouviu falar o nome de Sarah Fisher, ou mesmo quem seja um fã por motivos óbvios de Danica Patrick, muito provavelmente deve ter parado e se perguntado quem teria sido a primeira mulher piloto na história? Ou quem foi a primeira mulher a pilotar um carro de Fórmula 1? A resposta para essa dúvida nos leva até a década de 1950 por mais incrível que possa parecer. Mais precisamente retornaremos no tempo até o primeiro ano onde se disputou um campeonato de construtores, um ano trágico onde a categoria máxima do automobilismo viu quatro mortes nas pistas, sendo uma delas nas 500 milhas de Indianápolis. O ano de 1958, o ano em que uma mulher pilotou um carro de Fórmula 1 pela primeira vez em toda a história do automobilismo mundial.Ela nasceu em Nápoles, Itália, no dia 11 de novembro de 1926. Recebeu o nome de Maria Teresa de Filippis e começou o pilotar por incentivos dos irmãos que apostaram se ela poderia ser ou não rápida o suficiente em uma corrida de carros. Aos 22 anos de idade a jovem acabou provando o que muito provavelmente todos duvidavam mais do que poderiam acreditar mesmo vendo diante de seus próprios olhos, conseguindo inclusive vencer corridas como os 10 km entre Salerno e Cava de Tirreni. Assim não demorou muito para receber um convite da Maserati e ter a chance de pilotar um modelo 250F na Fórmula 1, o mesmo carro de Juan Manuel Fangio, que já não era mais o mesmo do ano anterior onde o argentino foi campeão, limitando o célebre piloto a apenas duas corridas e a honra de pelo menos ter feito e pole e a volta mais rápida da corrida em seu país.
Mas apesar de não ter o papel principal em 1958, Fangio não deixava de ter a sua utilidade, sendo nesse caso importante para dar conselhos à única mulher nas corridas. Maria revelou que uma vez o argentino lhe disse para não ser rápida demais em alguns momentos pois iria correr muitos riscos. As quatro mortes de 1958 não negam isso. Só que Maria também não precisava ir tão devagar, como na classificação para o GP de Mônaco onde ficou 5,8 segundos atrás do tempo suficiente para conseguir alinhar no grid. O lado bom da história é que Maria Teresa de Filippis não era a única estreante que tentava se classificar para o GP de Mônaco naquele ano de 1958 e que não conseguiu seu objetivo. Havia um outro estreante, um piloto de 28 anos de idade a bordo de um Connaught Alta GP 2.5 L4, um homem hoje muito conhecido por todos, um tal de Bernie Ecclestone.
Bernie ainda tentou colocar Jack Fairman em seu carro para correr no GP da Grã Betanha, porém ficou de fora mesmo assim. Maria Teresa era mais persistente e teve mais sorte, estava na classificação para o GP da Bélgica, a quinta etapa do ano, e como nenhum dos pilotos ficaria de fora da prova ela teve finalmente a sua grande chance mesmo tendo ficado 44 segundos atrás do pole-position. Em 1958 a Fórmula 1 determinou que as corridas teriam 300 Km de distância ou o hoje tradicional limite das duas horas. O GP da Bélgica de 1958 teve 24 voltas, Maria foi ultrapassada pelos primeiros colocados duas vezes, mas nove pilotos acabaram abandonando a corrida e a italiana terminou em uma honrosa décima colocação, que na verdade era a última colocação, mas que valeu à pena por ter sido a única vez que completou uma corrida, a primeira vez que uma mulher completou uma corrida de Fórmula 1.
No GP de Portugal Maria deu azar ao ver o motor do seu carro falhar e ter de abandonar a corrida após seis voltas. Correndo em casa, no GP da Itália, largou em último e mais uma vez abandonou com problemas no motor, após 57 das 70 voltas, perdendo uma grande oportunidade de ter completado a corrida em oitavo lugar. Mas foi antes dessas duas corridas, no GP da França, em Reims-Gueux, que aconteceu o fato mais bizarro na carreira de Maria Teresa de Filippis. Ela acabou sendo literalmente impedida de correr pelo diretor da prova francesa que havia dito a seguinte frase - "O único capacete que uma mulher deve usar é aqueles que servem para secar cabelos". Sem dúvida alguma um caso claro de preconceito que mesmo hoje em dia ainda existe, afinal atualmente nenhuma mulher pilota um Fórmula 1 e foram poucas depois de Maria Teresa de Filippis.
Aquele GP da França de 1958 acabou sendo vencido por Mike Hawthorn, da Ferrari, naquela que por incrível que possa parecer a sua única vitória no ano. Isso se não for levado em consideração algo mais incrível do que isso, ter sido o grande campeão de 1958 com apenas uma vitória em dez corridas que disputou. O triunfo de Hawthorn, no ano que ficou marcado por ter uma mulher correndo, no ano que começou a disputa de construtores vencida pela Vanwall e no ano onde os britânicos dominavam, tendo sido os seguintes colocados em ordem e todos ingleses Stirling Moss, Tony Brooks, Roy Salvadori e Peter Collins, pode ser explicada pelo simples fato que ele ficou na segunda posição em cinco provas com um terceiro lugar em outra; Contra apenas um vice de Moss que mesmo tendo vencido quatro vezes, abandonou em cinco e perdeu o título por apenas um ponto. (Foto: Arquivo)
6 Comentários:
Muito interessante o texto.
É sempre muito bom acumular mais conhecimento, ainda mais quando se trata o assunto com tanta riqueza.
abs
@Marcelonso: Valeu brother !!!
E engraçado que ela nasceu na Itália, onde é o local de origem da maior equipe das histórias da fórmula 1, a Ferrari.
Participe do Super Quiz, 3° desafio:
http://fcgols.blogspot.com/2011/12/super-quiz-desafio-3.html
Olha, um excelente texto... rico em detalhes que aumenta nosso conhecimento sobre o assunto...
parabéns...
e aproveito pra lhe desejar um Feliz Natal, cheio de paz e alegrias...
abs...
@André: Muito obrigado mesmo e um Feliz Natal para vocÊ também. abs
Feliz Natal pra vc Guilherme!
Que Papai Noel traga p/ vc, mta cerveja, farras, alegrias, conquistas, amor....
Abraçosss
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