Lendas das Olimpíadas - Atenas 1896
Em 1896 a Grécia utilizava o antigo calendário juliano, que era paralelo ao convencional usado pela civilização ocidental. Isso acabou causando uma divergência de datas que prejudicou a abertura da primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, bem como a chegada de muitos atletas vindos de diversos pontos do planeta. Um pequeno probleminha que nem o Barão Pierre de Coubertin poderia prever. Mas o problema é que os Jogos de Atenas 1896 tinham muitos outros problemas além desse, como a falta de recursos financeiros, por exemplo. Às vezes aparecia um doador chamado Evangelis Zappas, que construiu o palco das disputas de esgrima. Mas outras vezes não aparecia nenhuma boa alma caridosa, e alguns esportes como a natação ficavam sem lugar próprio para verem suas provas serem realizadas.A natação em 1896 era completamente diferente da natação de hoje em dia. Havia a disputa dos 100 metros livres como existe nos tempos atuais, mas a semelhança acaba por aí. Pior do que isso é que não havia mais nada além do nado livre, sendo que as outras duas únicas disputas além dos 100 metros eram os 500 metros e os 1200 metros livres. Só isso. E se não estivesse ruim o bastante, ficava ainda pior quando todos viam que não havia onde nadar. Não havia piscina e nem mesmo um lago. Só havia a água do mar, do mar aberto, do mar Mediterrâneo com sua água extremamente fria e gelada. Dizem que cerca de vinte mil espectadores se reuniram na Baía de Zea, ao longo da costa do Pireu, para assistirem às provas, para testemunharem a performance de uma verdadeira lenda das Olimpíadas.
Ele nasceu em Budapeste, na Hungria, como Arnold Guttmann, e resolveu aos 13 anos de idade se tornar um nadador depois que seu pai morreu afogado no rio Danúbio. Guttmann mudou o seu nome para Alfréd Hajós, onde Hajós significa marinheiro em húngaro, tendo como justificativa o simples fato de ser um nome húngaro. Mas em 1896 Alfréd Hajós cursava a universidade de arquitetura em seu país, e não encontrou qualquer facilidade em ser dispensado para participar de uma competição esportiva. Se tratava apenas das Olimpíadas, mas naquela época isso não tinha qualquer importância. O reitor da Universidade Politécnica chegou a dizer para Hajós que: "Suas medalhas não são de nenhum interesse para mim, mas estou ansioso para ouvir suas respostas em seu próximo exame". Hoje ele iria querer saber das medalhas certamente.
E foram medalhas mesmo, no plural, mesmo que houvessem tão poucas provas para serem disputadas. Eram tão poucas que resolveram fazer todas elas no mesmo dia 11 de abril, por que voltar outro dia se pode fazer tudo de uma vez só? A hipocrisia dos organizadores simplesmente acabou com as chances de Alfréd Hajós ser o Michael Phelps de 1896. O húngaro se viu obrigado a desistir dos 500 metros, pois ele aconteceu imediatamente depois dos 100 e antes dos 1200. Isso, no entanto, não lhe deixou fora da história, pois ele havia vencido os 100 metros com o tempo de 1min22s e mais tarde venceria também os 1200 metros, onde registrou a marca de 18min22s. Foi uma verdadeira luta contra a exaustão, o cansaço e o frio absurdamente insuportável que nem uma cobertura de gordura poderia lhe proteger plenamente das temperaturas tão baixas.
Assim, o austríaco Paul Neumann acabou levando a medalha prateada oferecida aos vencedores em 1896 quando ficou com a glória nos 500 metros livres. Ele, e todos que acompanharam as competições ouviram a histórica frase de Alfréd Hajós que tentava explicar o porque de não ter vencido as três disputas do dia, dizendo que - "Minha vontade de viver completamente superou o meu desejo de vencer". Isso não o impediu de ser chamado no dia seguinte pelo jornal ateniense Acrópole de "Golfinho húngaro", o mais jovem campeão olímpico da história que tinha muito história para contar na universidade, especialmente ao seu reitor. Alfréd Hajós voltaria a brilhar em arquitetura nos Jogos de 1924, chegou a jogar futebol e se tornou até juiz. Ele morreu em 1955 aos 77 anos de idade, sem antes se tornar uma das maiores lendas olímpicas de todos os tempos. (Foto: Arquivo)
1 Comentários:
Cara, desculpe mesmo, mas eu tinha que tomar aquela decisão lá... o cara ficava pegando pesado com uma amiga minha que é um doce de pessoa.
As besteiras, falar nada com nada, não ler o que está escrito eu até passo, mas xingar gente que eu gosto, avacalhar, não dá.
Mas nem assim ele se toca fica falando de mim num monte de blogs.
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