Lendas das Olimpíadas - Londres 1908
Entre 22 de Janeiro de 1901 e 6 de Maio de 1910, a rainha consorte de Eduardo VII do Reino Unido foi Alexandra da Dinamarca, uma pessoa que entre outras qualidades poderá sempre ser lembrada por seu bom senso e compaixão. Tudo graças ao fato dos Jogos Olímpicos terem acontecido em Londres no ano de 1908. Finalmente, apesar de também ter tido uma longa duração e outros problemas, tivemos uma Olimpíada bem organizada, com o primeiro desfile das delegações e um estádio olímpico construído especialmente para as disputas, o White City Stadium. Tudo graças ao vulcão Vesúvio que entrou em erupção na Itália e impediu os Jogos de serem realizados em Roma nesse ano, tudo graças às mudanças difinitivas na distância da maratona, tudo graças à um dos finais mais dramáticos de um maratona em todos os tempos.Inúmeras são as histórias contadas sobre o fato, mas qualquer uma deve servir por sua grande semelhança. As corridas de maratonas sempre tiveram uma distância de 40 Km, mas os Jogos de Londres 1908 fizeram com que até hoje todos tenham que correr exatos 42195 metros. Alguns dizem que a família real desejava ver a largada do Palácio de Buckingham, outros contam que as crianças não poderiam sair do Palácio para ver a largada, teriam que espiar da janela. Assim eles aumentaram os 2195 metros para que a largada fosse realizada em frente ao Palácio. Desde então qualquer maratona, principalmente nas Olimpíadas, tiveram sempre essa mesma "nova" distância. A princípio parece até pouco, mas foi o suficiente para deixar o então líder exausto, morto de cansaço e pronto para sofrer consequências que lhe custaram a perda da medalha de ouro.
Um italiano só voltou a brilhar em uma maratona nas Olímpíadas em Seul 1988, quando Gelindo Bordin ficou com a medalha de ouro. Sua conquista foi dedicada a um conterrâneo do passado chamado Dorando Pietri, um atleta corredor de maratona que ficou famoso no começo do século passado e entrou para a história esportiva mesmo sem ter levado para casa o tão sonhado ouro olímpico em Londres 1908. Pietri estava em sua plena forma física e ganhando diversas provas, como a classificatória para os Jogos Olímpicos, por exemplo. Ele chegou no Reino Unido como franco favorito, mas começou lento a disputa que contou com 56 participantes. Após a metade da prova, no entanto, o italiano forçou o ritimo e assumiu a ponta. Ele se sentia muito bem e se esforça cada vez mais, aumentando sua velocidade. Estava com uma gana incrível, e isso acabou lhe custando um preço caro.
Dorando Pietri já entrou no estádio olímpico meio perdido e errou o caminho. Os fiscais o orientaram neste instante, mas o pior estava por vir. Ele cambaleava para um lado e para o outro, demorou cerca de dez minutos para percorrer os últimos 350 metros e caiu quatro vezes durante esse tempo e essa distância. Em cada uma das quatro vezes que foi ao chão, Pietri teve a ajuda dos fiscais para se levantar, sendo inclusive carregado literalmente na hora de cruzar a linha de chegada diante de 75 mil espectadores que aplaudiam de pé o esforço inacreditável do competidor. Mas havia quem não estivesse gostando dessa história toda, os membros da comissão dos EUA, que entraram com uma ação e conseguiram a eliminação do italiano, principalmente pelo fato do americano Johnny Hayes ter sido o segundo colocado.
Independente de ter sido feita a justiça ou não, já havia naquele tempo alguém de bom coração para no mínimo reconhecer o esforço e espírito olímpico do italiano Dorando Pietri. E foi justamente a Rainha Alexandra, que no dia seguinte em uma bela cerimônia entregou um troféu de prata ao italiano. Em termos de maratonas é impossível não associar essa história a de Gabriela Andersen-Scheiss ou a de Vanderlei Cordeiro de Lima. Todos eles verdadeiros heróis que mostram como o esporte é importante e como ele forma lendas históricas, mesmo que elas não conquistem medalhas de ouro. Pietri além de tudo ficou famoso, foi para Nova York competir com Hayes e vencê-lo várias vezes, aproveitar seus dias de lenda das Olimpíadas até os 56 anos de idade quando faleceu de ataque cardíaco na cidade de San Remo. (Foto: Arquivo)
2 Comentários:
Realmente uma bela história... Eh sempre bom saber o que rolou no passado...
@Patrick: São histórias incríveis !!!!
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