Lendas das Olimpíadas - Paris 1924

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O francês Nicolas Mathieu Rieussec inventou o cronógrafo para marcar o tempo em 1821. Enquanto que a princesa de Nápoles Carolina Murat, irmã de Napoleão Bonaparte, já havia usado um relógio de pulso em 1814, bem antes de Santos Dumont, que o fez em 1904. Em 1915 o primeiro relógio de pulso com cronógrafo fora feito, mas ele não era muito comum, muito menos na Finlândia. Assim um corredor que mais tarde seria lembrado como "Finlandês Voador", acabou sendo inicialmente conhecido como o "Homem do Relógio", justamente porque ele jamais deixava de fazer o seu treinamento com um cronógrafo na mão para marcar o seu tempo de corrida.

Caminhada, corrida e ginástica como principais elementos em seu regime de treinamento severo. Paavo Nurmi, um autodidata, foi um dos primeiros atletas de ponta que tinham uma abordagem sistemática na sua própria formação. Tudo havia começado quando tinha apenas 15 anos e viu seu compatriota Hannes Kolehmainen ganhar três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1912. A inspiração o levou a conseguir seu primeiro par de tênis e dar início ao treino sério, sempre com o cronógrafo ao seu lado. Associado ao clube Turun Urheiluliitto, que representou toda a sua carreira, começou a bater recordes e alcançar as glórias, como na sua primeira Olimpíada onde levou três medalhas de ouro e uma de prata.

Antuérpia 1920 era pouco para quem corria com um cronógrafo na mão e sempre sabia o que estava fazendo. Três medalhas de ouro e uma da prata era muito pouco para quem iria ficar rico investindo em ações, para quem se tornaria um dos maiores heróis olímpicos da Finlândia em todos os tempos. Por isso Paavo Nurmi atingiu o seu auge nos Jogos Olímpicos de Paris 1924, onde levou cinco medalhas de ouro nas cinco provas que disputou. O mais incrível foi que duas delas aconteceram no mesmo dia, os 1500 metros e os 5000 metros, com uma diferença de 90 minutos entre ambas. Isso não foi problema para um corredor que tinha um cronógrafo nas mãos e que colocou mais duas medalhas de ouro no peito.

O famoso jornalista esportivo finlandês Martti Jukola, escreveu em 1935: "Havia algo desumanamente severo e cruel sobre ele, mas ele conquistou o mundo. Com uma vontade que tinha um poder sobrenatural". Talvez fosse um poder que ainda o levou para uma terceira Olimpíada, em Amsterdam 1928, onde ganhou sua nona medalha de ouro e mais duas de prata. Incrivelmente incansável, mesmo após desgastantes turnês pelos Estados Unidos que o fizeram parar de bater recordes, Nurmi ainda chegou a sonhar com os Jogos de Los Angeles 1932, onde queria vencer a maratona que Hannes Kolehmainen havia vencido em 1920, mas ele acabou impedido de participar da disputa acusado de profissionalismo.

A vitória na maratona nunca veio, mas um reconhecimento mundial por seus feitos no esporte serão eternos. Paavo Nurmi foi um dos maiores medalhistas olímpicos de todos os tempos ao lado de Mark Spitz, Larissa Latynina, Carl Lewis e Michael Phelps. Em Helsinque 1952 teve a honra de acender a pira olímpica juntamente com Hannes Kolehmainen, em um dos segredos mais bem guardados que levou milhares de pessoas ao delírio no estádio olímpico finlandês. Nurmi faleceu em 1973 aos 76 anos de idade, quando já havia sido imortalizado através de uma estátua, quando já era lenda e quando a ministra da educação finlandesa Marjatta Väänänen disse: "Os recordes serão quebrados, as medalhas de ouro perderam seu brilho, os vencedores encontraram seus vencedores, mas como um conceito histórico Paavo Nurmi jamais será superado." (Foto: Arquivo)

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