Esperança de muitos, realidade de apenas um
Às vezes dois óculos são precisos, e eles ainda possuem plásticos enrolados que serão descartados mais tarde. Os olhos precisam ser protegidos pois eles terão que enxergar o caminho da glória que apenas um pode alcançar. Uma via que neste sagrado primeiro sábado de maio viu a água cair do céu, às vezes forte e ás vezes mais branda, mas sempre colocando muitos pontos de interrogação na cabeça de qualquer um que gostaria de prever ou saber o futuro que os aguardava no final daquela tarde nebulosa e sombria. Havia um sonho para ser realizado e uma esperança que só poderia se tornar realidade para um deles. No final só havia barro e lama para todos os lados, mas também havia forças para comemorar levetando os dois braços.A pista enxarcada dava esperanças ao treinador Todd Pletcher. E não era apenas porque ele tinha cinco cavalos na pista tentando a vitória, mas sim porque sua única vitória no Kentucky Derby, em 2010, fois justamente nas mesmas condições de tempo instável. Tudo parecia ainda mais próximo de se tornar realidade porque um desses cinco cavalos era um dos favoritos. E se não bastasse tantas coincidências boas, Revolutionary, o seu cavalo principal, era montado pelo simpático jockey Calvin Borel, justamente o condutor de Super Saver na vitória de 2010. Borel também tinha a sua esperança de vencer o Derby de Kentucky pela quarta vez na sua carreira, mas não foi possível nem para ele, nem para Todd e nem para nenhum dos outros quatro cavalos amigos do revolucionário.
A revolução poderia ter sido causada de uma outra forma. As mudanças nos conceitos e nos preconceitos poderiam ser outras a partir de hoje se uma outra esperança também se tornasse realidade. O pessoal da Gold Mark Farm queria, o treinador Thomas Amoss sonhava e a jockey Rosie Napravnik queria muito ser a primeira mulher a vencer o Kentucky Derby. Só que não foi desta vez. Mesmo assim não sobraram motivos para celebrar o quinto lugar com Mylute, afinal foi a melhor posição de uma jockey mulher em 139 anos de história. Mas se um negro fosse vencedor não seria a primeira vez, aconteceu em 1902 e assim a esperança de Kevin Krigger era se tornar o primeiro negro desde então a vencer a maior corrida de cavalos do mundo. Não foi possível, nem para ele e nem para Goldencents, o seu cavalo.
Também não deu para Golden Soul, e faltou pouco para ir além da segunda posição. A esperança também não virou realidade para Verrazano, e olha que John Velazquez havia sido campeão em 2011 com Animal Kingdom. Eram 19 cavalos partindo para dois minutos de pura emoção após o toque das conetas e o momento de lembrar do passado ao som de "My Old Kentucky Home", só que apenas um deles poderia ver sua esperança se tornar realidade após cruzar a faixa final. Cheio de lama escorrendo por todos os lados, feliz com a coroa de rosas afinal essa é "Run to the roses". Para alegria de muitas das 151 mil pessoas que superlotram Churchill Downs. Para a felicidade incontrolável do jockey Joel Rosario e do treinador Shug McGaughey, que nunca haviam vencido o Kentucky Derby. Porque neste dia chuvoso a esperança era de muitos, mas a realidade foi de apenas um: Orb.
Vindo lá de trás, como praticamente sempre fazem os vencedores. Relaxando o cavalo para um ataque feroz e mortal a partir da última curva e entrando pela reta final. Sentido a mesma emoção que foi sentida quando Martina Mcbride cantou o hino nacional e sabendo que a história estava sendo escrita em frente a Twin Spires. Porque este é o Kentycky Derby, esta uma das maiores corridas de cavalos do planeta e a única onde a esperança de vencer pode se tornar uma esperança ainda maior ao vencedor. A esperança de continuar vencendo e quem sabe faturar a tríplice coroa, que não vem desde 1978 quando Affirmed conseguiu o que parece tão impossível nos dias de hoje. Uma impossibilidade que Orb quer tornar realidade novamente, porque a esperança que era de muitos agora é apenas dele.
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