A quarta-feira negra do All England Tennis Club

10:54 Net Esportes 1 Comments

Os ponteiros do Big Ben marcavam exatamente as quatorze horas e o sol brilhava ainda mais forte. Nem parecia Londres, a capital do tempo nebuloso e dos chuviscos inevitáveis. Mas isso não significava que a escuridão das trevas pudesse passar longe do All England Lawn Tennis and Croquet Club. Na Somerset Road ou mesmo na Church, ao lado do Wimbledon Golf Club, o céu parecia estar cada vez mais negro, transformando aquele até então lindo dia em uma quarta-feira negra em um dos torneios mais célebres do tênis mundial. Tudo porque a zebra estava literalmente solta pela verde relva do complexo que conta com 19 quadras bem cuidadas, e assim não houve favorito que pudesse resistir ao corte das cabeças.

Maria Kirilenko e Nadia Petrova são eliminadas logo na primeira rodada, ainda no segundo dia de competição. Não é uma situação anormal ver favoritos ou cabeças-de-chave caindo a qualquer momento. Mas também não é muito normal ver um grande jogador ser humilhado logo no primeiro dia de disputas. O espanhol Rafael Nadal não resistiu ao belga Steve Darcis e disse adeus ainda na segunda-feira, fazendo que o começo da semana fosse negro apenas para ele. Só que essa derrota precoce de um favorito era na verdade um prenúncio de dias piores. Dias nebulosos, escuros e tenebrosos como o pior de todos os filmes de horror que já passaram nos cinemas. Era como um aviso, para os outros favoritos, que a quarta-feira iria chegar.

E a quarta-feira negra do All England Tennis Club chegou para estragar a festa daqueles que de alguma forma ainda sonhavam e tinham esperanças. A esperança de pelo menos não ser derrotado por WO. Steve Darcis? Depois de passar pelo espanhol oito vezes campeão de Roland Garros? Como assim? Sorte do polonês Lukasz Kubot. Alegria do francês Kenny de Schepper, afinal Marin Čilić também foi embora antes de jogar. A mesma situação de Yaroslava Shvedova e da cabeça-de-chave número dois Victoria Azarenka. Tristeza na Bielorrússia e a bruxa estava solta na Inglaterra. A culpa seria da grama, escorregadia, cortada demais ou desgastada em excesso. Os palcos dos jogos não poderiam ser os carrascos, era apenas os jogadores que estavam vivendo um dia de fracassos.

E esse dia parecia não ter hora para acabar. Não havia mais walkover, porém ainda existiam os abandonos durante os jogos em andamento. Jo-Wilfried Tsonga, muito feliz por estar na quadra central do templo sagrado de Wimbledon, bem que pensou umas 3479 vezes, mas estendeu a mão para Ernests Gulbis após perder dois sets seguidos e foi embora para a França chorar as lágrimas em sua cama quente. O mesmo aconteceu com John Isner, logo o americano que em outros tempos passava três dias disputando a mesma partida nesse mesmo torneio. Além de Radek Stepanek, que não conseguiu vencer nem mesmo um set em seu duelo contra Janowicz. Era um dia difícil, muito mais do que o primeiro. Haviam abandonos por lesões antes e durante os jogos, mas haviam também os derrotados sem problemas físicos.

E é exatamente por isso que esse dia jamais será esquecido. A quarta-feira negra do All England Tennis Club. O dia que teve abandono de gigantes por todos os lados também teve derrotas de alguns dos maiores de todos os tempos. A eterna musa Ana Ivanovic não resiste. A ex-número um do mundo Jelena Janković não resiste. O australiano campeão de 2002 Lleyton Hewitt não resiste. A adorável Caroline Wozniacki também não resiste. E se não fosse suficiente o adeus de todos esses onze derrotados de forma precoce, ainda havia tempo para mais duas despedidas fora de hora. Um na quadra central, fechando o dia e dando adeus ao sonho do oitavo título. A outra na quadra número dois, caindo diante de uma desconhecida jogadora de Portugal. Essa foi a quarta-feira negra do All England Tennis Club, uma quarta-feira histórica que levou embora muitos jogadores, incluindo Roger Federer e Maria Sharapova.

1 Comentários:

Luiz Paulo Knop disse...

Acho que algumas vezes a tradição tem que perder espaço pra evolução... tá na hora da ATP rever alguns torneios... ter 1 mês por ano pra se jogar na grama, sendo que apenas 2 semanas de preparação??? É loucura!

Luiz Paulo Knop
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