Sem bicicleta, mas como um rolo compresor

17:19 Net Esportes 0 Comments

Dentro de algum forno de microondas, pulando uma fogueira de São João ou quem sabe se aproximando da única estrela que rege a vida dentro do sistema solar. Essas são algumas das formas que alguém pode usar para se aquecer, assim como trocar bolas em uma quadra de tênis antes que o confronto seja iniciado. É uma das coisas mais simples para um jogador profissional, mas na primeira noite de um dos torneios mais antigos da história uma das jogadoras parece não estar conseguindo realizar perfeitamente essa tarefa aparentemente tão normal. Coloca ela dentro do forno, faça com que pule a fogueira ou reative algum ônibus espacial e a leve para perto do sol. Ela precisa se aquecer, ela precisa conseguir levantar a bolinha para sua adversária praticar o smash.

Duas, três, quatro vezes e nada. Mas ela acabou finalmente conseguindo umas duas vezes pelo menos. E se estava complicado o aquecimento, jogar então logo se tornaria muito mais difícil. Sem falar na devolução que recebeu logo após o primeiro saque, percebendo que não seria apenas difícil, mas também impossível jogar bem. Era impossível simplesmente jogar. Era mais fácil cometer duplas faltas do que colocar a bola em jogo. Era tão angustiante e devastador que fazer qualquer ponto poderia ser considerado um feito grandiosos. As coisas iam de mal a pior que só lhe restava gritar para extravasar, ou falar palavrões, o horário noturno de certa forma permitia. Mas ela não se consolava.

Ela precisava de um abraço e não hesitou abraçar o primeiro que viu pela frente: O boleiro. Ele retribuiu com tapinhas nas costas e a torcida se entusiasmou com a cena. De um lado da quadra estava a jogadora local. A número um do ranking WTA e a jogadora que venceu quatro vezes este que é um dos torneios mais antigos da história do tênis. US Open em Nova York, a sua casa está lotada e a multidão não se entusiasma com seu jogo. Um pneu no primeiro set arrasador, Serena Williams parece até um rolo compressor. Ela quer andar de bicicleta pela ponte do Brooklyn, mas a torcida que ver sua rival italiana ganhando pelo menos um game. Os torcedores que lotam o complexo de Flushing Meadows gritam eufóricos, porque Francesca Schiavone enfim está aquecida.

São seis títulos de simples no circuito WTA, sendo uma deles em Roland Garros 2010, onde foi vice-campeã em 2011. Schiavone já foi número quatro do mundo e já viveu dias muito melhores também. Dias melhores que esta lamentável noite de segunda-feira, quando os fogos iluminaram a quadra central Arthur Ashe logo depois que hino americano encantou o público presente. Um público que aplaude de pé a jogadora de seu pais, mas que gritava mais alto e vibrava mais pela pobre italiana que não conseguia jogar direito, que não conseguia nem se aquecer corretamente. A jogadora que levou para casa o seu pneu, mas que evitou sair andando de bicicleta, porque se não fosse algum apoio vindo das arquibancadas era exatamente isso que ir acontecer enquanto ela era atropelada pelo rolo compresor.

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