Esquece o vento e lembra o que vinha fazendo
No alto do belíssimo e grandioso Arthur Ashe Stadium, a bandeira que representa a nação americana tremulava freneticamente. Poderia ser apenas para saudar a ilustre presença do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, mas o motivo principal eram os fortes ventos que atormentavam o domingo tranquilo na cidade de Nova York. Rajadas que chegavam até os 32 km/h, menos mal que não foram 195 km/h, como aconteceu em 2011, com o furacão Irene, que chegou até a ameaçar as disputas do US Open de tênis. Nem Irene e nem mesmo Sandy, que veio em outubro de 2012. Esse ano ainda não teve furacão para torturar, mas os ventos estavam lá para prejudicar. Fosse na devolução ou no saque, tudo era um desastre, pelo menos até que uma das duas fatalmente se cansasse.Serena Williams ficou muito cansada, mas foi cansada de tanto errar. "The wind" ela dizia, apontando para o lado onde o vento estava levando a bolinha. E não contente com seu jogo ficando ruim, sobrou para a pobre coitada da raquete. Batida com força no chão, atirada depois contra a sua cadeira de descanso quando parecia que tudo iria se perder e a virada ela iria sofrer. No ano passado a história foi aparentemente a mesma. Do outro lado da quadra estava Victoria Azarenka, ela havia vencido o primeiro set e perdido o segundo. Ela talvez não conseguisse repetir a façanha de vencer o terceiro, de conquistar mais um título em casa. O vento talvez fosse um inimigo a mais, mas ela lembrou o que vinha fazendo desde a primeira rodada.
Incríveis 6-0 e 6-1 logo na abertura do torneio. A parcial de 6-1 era como seu cartão de visitas, aparecia ou apareceu em quase todos os duelos, mas não dava para massacrar sempre. Um 6-3 contra as representantes do Cazaquistão e um 6-4 contra a sua mais nova rival, ou será a sua compatriota que era sua fã e que talvez um dia se torne a sua sucessora? 6-3 e 6-1, mas ela queria mais, ela queria 6-0 e o fez, jogando na semifinal e jogando diante da experiente Na Li. Serena Williams não perdia nenhum set, ninguém tinha chances contra ela e se ela não conseguiu a bicicleta na primeira rodada, a buscou nas quartas de final. Por mais inacreditável que possa parecer. Seria melhor para Carla Suárez Navarro nem ter aparecido em quadra.
Então como parar Serena Williams? Será que havia como conseguir vencer pelo menos um set diante dessa estupenda jogadora? Só mesmo Azarenka. Contra a número um do mundo só mesmo a número dois. Só mesmo alguém que também aplicou duplo 6-0 neste torneio e que passou fácil pelas quartas de final e semifinal. Só mesmo uma jogadora que não se irrita fácil com o vento e que não sai por aí jogando a raquete. Uma jogadora que não se abate nem perdendo o segundo set por 4 a 1 depois de ter perdido o primeiro por 7-5. Ela reage de forma incrível e busca a vitória no tie break. Parecia que desta vez alguém finalmente iria parar o rolo compressor chamado Serena Williams, mas a americana esqueceu do vento e se lembrou do 6-1, se lembrou do que vinha fazendo durante toda a competição e o fez novamente. Para vencer em Nova York pela quinta vez na carreira, para faturar seu 17º título de Grand Slam; Igualando Roger Federer e mantendo o sonho de quem sabe um dia alcançar Steffi Graf, com a força do vento.
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