Os momentos mais marcantes de sóchi 2014
E por que as Olimpíadas de Londres 2012 tiveram exclusividade na transmissão pela TV aberta no Brasil? A impressão que ficou é que essa edição dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sóchi 2014 foram muito melhores e mais interessantes do que a versão de verão inglesa ocorrida dois anos atrás. E não porque passava na Rede Globo ou na Band, além da Record, mesmo porque não passaram quase nada ou passaram apenas de madrugada, mas porque pelo menos passava, e tinha reportagens nos telejornais e não havia boicote velado, como fez a dona Globo com Londres 2012. Sem falar na excelente cobertura da TV à cabo e as informações completas na Internet. Os Jogos foram os mais caros da história, tiveram polêmicas inevitáveis, mas também tiveram momentos marcantes e inesquecíveis que fizeram a história do esporte ainda mais linda e rica do que já é.
1. Ole Einar Bjørndalen
Ouro na velocidade de 10 Km do Biatlo e ouro no revezamento misto. O norueguês Bjørndalen simplesmente se tornou o maior atleta olímpico de Inverno de todos os tempos. O Michael Phelps dos Jogos de Inverno com um total de 13 medalhas, sendo oito de ouro. E só não aumentou para 14 porque o seu companheiro de equipe Svendsen cometeu um erro na última sessão de tiros do revezamento 4 x 7,5 Km, e poderia ter sido até mais uma de ouro.
2. Final feminina do Hóquei no gelo
E então os Estados Unidos venciam o Canadá por 2 a 0 e iam conquistando o Hóquei no Gelo feminino, uma medalha que não vinha desde 1998, quando a competição ocorreu para as mulheres pela primeira vez e elas haviam vencido justamente as canadenses. Depois disso o Canadá venceu três vezes seguidas e estava na decisão mais uma vez. Elas não queriam perder novamente e faltando menos de quatro minutos fizeram um gol. Em seguida a goleira saiu e os EUA quase amplicaram quando mandaram o puck na trave. E quando faltava menos de um minuto o impossível aconteceu, as canadenses empataram o jogo. Prorrogação e mais um gol do Canadá, o gol de ouro, o gol da vitória, o gol da medalha que pelo quarto ano consecutivo elas não deixaram escapar mesmo quando tudo parecia perdido. Um acontecimento simplesmente memorável, incrível e emocionante. Simplesmente histórico.
3. Justyna Kowalczyk
A polonesa havia sido campeã olímpica em Vancouver 2010 e pouco antes dos Jogos de Sóchi 2014 elas simplesmente teve uma fratura no osso do pé. Ela não desistiu e foi até a Rússia, competiu, sentiu dores e também sentiu a glória maior de ser mais uma vez campeã olímpica, mesmo com pé quebrado, demonstrando uma superação inacreditável e simplesmente maravilhosa e emocionante. Uma superação digna de uma grande e verdadeira atleta olímpica.
4. Empate histórico
Montanha abaixo elas descem com seus esquis mágicos. O Esqui Alpino é uma das atrações mais marcantes dos Jogos Olímpicos e o Downhill é a prova mais cativante de todos. Eles simplesmente deslizam pela montanha precisando apenas se manter dentro do traçado. Uma descida que dura quase dois minutos, mais precisamente 1m41s57. O tempo estabelecido por Dominique Gisin e se não pudesse ser mais incrível e inacreditável o mesmo tempo foi também alcançado por Tina Maze. Duas das mais belas atletas dos jogos no ponto mais alto do pódio, algo nunca antes visto em todas a história do esqui alpino.
5. Sul-coreano russo
E quantos chineses nós não vemos jogando tênis de mesa representando outros países? Ele nasceu na Coréia do Sul, mas é naturalizado russo. E ele é o rei da patinação de velocidade em pista curta. Ele simplesmente venceu os 500 metros, os 1000 metros e o revezamento. Viktor Ahn só não foi campeão dos 1500 metros, mas estava lá também e saiu com o bronze. Nos 500 metros sua vitória mais emocionante e marcante, um prova rápida que não permite erros e ele largou mal, ficou em último lugar, viu um de seus adversários sofrer um queda e faltando duas voltas ficou em segundo para na última volta assumir a ponta e vencer de maneira sensacional.
6. Ucrânia ganha ouro
Vita Semerenko, Juliya Dzhyma, Valj Semerenko, Olena Pidhrushna. Em plena Guerra na Ucrânia, as ucranianas dão o sangue no gelo e conquistam uma medalha de ouro que o país não via havia 20 anos. Vitória emblemática, emocionante que mostra como o espírito olímpico pode superar qualquer questão política.
7. Adelina Sotnikova
Foi polêmico, as pessoas reclamaram através das Redes Sociais, foi solicitado uma investigação nas notas dos juízes que poderiam ter sido influenciados pelo fator casa, mas foi simplesmente emocionante a vitória de Adelina Sotnikova na patinação artística individual feminina. Ela não fez uma apresentação totalmente inpecável, cometeu um pequenino e quase imperceptível desequilíbrio, mas ofuscou a sua compatriota e sensação local e Yulia Lipnitskaya. O público foi ao delírio e seu choro de emoção ao final da apresentação comovia. A sul coreana Kim Yu-Na veio no final e fez um excelente apresentação, mas faltava algo mais, faltava um brilho a mais e o fato de Sotnikova estar competindo em casa lhe proporcionou. E porque não dar uma nota a mais para isso? A vitória de Adelina foi legítima e simplesmente inesquecível.
8. Holanda na patinação de pista longa
Só o grande Sven Kramer levou duas de ouro e uma de prata. A Holanda poderia ter vencido todas de ouro no masculino se não fosse a derrota de Koen Verweij por um centésimo. Mas o mais incrível é que eles venceram quase todas as medalhas da patinação de velocidade em pista longa, tanto no masculino quanto no feminino, tanto de ouro quanto de prata e bronze também. Um domínio incrível que resultou em oito ouros, sete pratas e oito bonzes. Total de 23 medalhas do país que no total dos jogos levou 24 medalhas. Os holandeses são os Reis e Rainhas da patinação de velocidade em pista longa.
9. Alemanha no Luge
No revezamento por equipes mista venceram os alemães Natalie Geisenberger, Felix Loch, Tobias Arlt e Tobias Wendl. E Arlt e Wendl ainda levaram nas duplas, além de Geisenberger ser a campeã do feminino e Loch vencer no masculino. A Alemanha simplesmente venceu todas as medalhas de ouro do Luge, simplesmente incrível e destruidor na pista de gelo que não é a mais veloz do planeta, mas é mais mágica para os alemães.
10. Josi Santos
Joselane Santos virou Josi Santos. O Brasil não tem tradição, história ou condições de competir em uma Olimpíada de Inverno. O Brasil é um país tropical e praticamente não tem neve. Mas os brasileiros às vezes vão parar lá no frio da montanha e eles tem garra, fibra e vontade de pelo menos no mínimo fazer parte de alguma coisa. Josi não deveria estar lá nem por isso, mas Lais Souza sofreu um acidente gravíssimo e ela teve de ir em seu lugar. A responsabilidade de substituir a amiga, o medo e a tensão foram superados em um salto simples, mas eficaz. Ela cumpriu o seu dever e não conseguiu conter as lágrimas de emoção. Um dos momentos mais emocionantes e marcantes dos Jogos Olímpicos de Inverno que foram notícia no mundo inteiro, formando um L com os dedos da mão ela mandou o seu recado final: "Foi pra você Laís".
A lágrima do ursinho russo voltou a escorrer como em Moscou 1980 e as saudades das Olimpíadas de Inverno já eram grandes durante a cerimônia de encerramento. E daí se eles tiveram uma pequena falha na abertura quando um dos anéis olímpicos não se abriu, no encerramente eles repetiram a cena com uma performance propositada que marcou ainda mais na memória e que foi digna de aplausos. O show russo ficou ainda mais evidênciado quando eles trminaram à frente no quadro geral de medalhas, mesmo que com atletas naturalizados, não importa, o que importa é Sóchi 2014 valeu muito à pena. Agora é só esperar Rio 2016 e Pyeongchang 2018 para saber quem continuará trazendo mais emoções de arrepiar no esporte.
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