O que o Aranha deveria ter feito na volta ao Sul
Antigamente a situação era muito pior. Havia uma segregação direta após o fim da escravidão que era pior ainda. Havia o Apartheid, havia divisões absurdas que separavam os brancos dos negros. Mas, felizmente, revolucionários liderados por Mather Luther King e Malcolm X levantaram suas vozes pelos direitos iguais. Hoje a situação é extremamente melhor do que já fora um dia, mas mesmo assim ainda existe o abominável preconceito racial. Ele está presente de uma forma meio oculta no dia a dia das pessoas, no exagero de um policial ou no estereótipo de situações comuns, mas ás vezes ele se torna um pouco mais evidente, quando chega aos estádios de futebol.
Nesse momento o maior prejudicado é o pobre do macaco. Alguns ainda relutam em aceitar, mas o Homem sem sombra de dúvidas evoluiu do macaco, portando seja branco ou negro, qualquer ser-humano é um descendente deste peculiar animal. Um animal que não tem culpa se der usado como ofensa racial, em uma situação pior do que a do Burro, que não da direito nem ao ofendido de processar o ofensor. Assim sendo, macaco é o de menos na história onde o que importa é que o ofensor queria ofender o seu alvo apenas pela cor da sua pele, como se cor da pele fosse um diferencial para ser mais ou menos dentro de uma sociedade.
Não sendo um negro e jamais sofrendo com o preconceito racial, fica difícil imaginar o quão ofendido se sentiu o goleiro Aranha. Certamente mais do que ser xingado, vaiado, humilhado de tudo que é forma, coisas que infelizmente são vistas como normais no futebol. Provocações que geram violência, brigas de torcida e mortes são quase irrelevantes perto da ofensa racial, pois até hoje tudo isso só levou a perdas de pontos, perdas de mando de jogo e algumas multas porque dinheiro é sempre bem vindo. Claro que a ofensa racial não deve existir de forma alguma, dentro ou fora dos estádios, o Apartheid acabou, mas nem mortes de torcedores haviam resultados antes na desclassificação de um time em uma competição.
A decisão não é exagerada, mas não deveria ser apenas em casos como esse. Chamar alguém de macaco como forma de preconceito racial é sem dúvida alguma gravíssimo, mas tanto quanto são os xingamentos que geram raiva, ódio, intolerância, brigas e mortes. O goleiro Aranha tem todo o direito de se revoltar contra uma situação que não deveria mais acontecer nos tempos globalizados de hoje em dia, mas a única torcedora identificada publicamente no caso não merecia sofrer praticamente todas as consequências da situação que se viu envolvida. Perder o emprego e responder judicialmente sim, mas ser ameaçada, ter a casa queimada torna quem fez isso tão errado quanto ela foi em seu ato de racismo.
O goleiro Aranha voltou ao palco da discórdia e foi extremamente vaiado pelos torcedores gremistas. Parte porque o técnico do 7 a 1 Felipão fez declarações polêmicas dizendo que o Grêmio só foi eliminado da Copa do Brasil devido ao exagero do arqueiro do Santos. E parte por culpa do próprio jogador Aranha. O goleiro foi chamado de ator, mas errou quando não quis atuar. Em jogos de Copa do Mundo é muito comum ver capitães das Seleções falaram antes das partidas pedindo o fim do preconceito e outras coisas. E foi exatamente isso que faltou. Faltou o Aranha entrar em campo antes da partida junto com a torcedora que lhe pediu desculpa, perdoa-la e entender que ela errou. Talvez ser aplaudido pela cena, mas uma cena que uniria e não afastaria. Talvez com uma atitude assim, dizendo que não desejava o Grêmio fora da Copa do Brasil, que só queria lutar pelo fim do racismo, ele nem fosse vaiado durante o jogo e nem aumentasse ainda mais todo esse ódio, raiva e revolta que parece ser um padrão aceito demais no futebol.
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