De um lado a despedida, do outro o recorde

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Michael Jordan foi campeão da NBA pela terceira vez consecutiva e anunciou sua aposentadoria. Saiu por cima, foi legal, mas era cedo demais. Após retornar, ganhou mais três títulos seguidos e, saiu de cena novamente. O tempo passou e mostrou que ambas as decisões haviam sido equivocadas, até hoje se pergunta se ele não teria ganho dez títulos seguidos. Lembremos que Bill Russell foi campeão onze vezes, sendo oito delas consecutivas. No mínimo as oito consecutivas Jordan teria ganho facilmente se não tivesse se aposentado tão cedo pela primeira vez. Então, após duas temporadas no Washington Wizards, ele se despediu definitivamente em um dia histórico, marcante e inesquecível. Jordan saiu de quadra aplaudido de pé por toda a torcida adversária.

Esses momentos ficam eternizados para sempre na história do esporte e, talvez por isso, Kobe Bryant resolveu vivê-los durante toda a atual temporada da NBA. Considerado como um dos maiores jogadores de todos os tempos, já tendo sido inclusive comparado a Michael Jordan, Kobe, ao contrário de Jordan, fez toda a sua carreira na mesma equipe e sem interrupções inesperadas ou equivocadas. Anunciou então o adeus antes de começar a jogar e fez de cada jogo uma despedida particular, um adeus de cada cidade e de cada arena. Até finalmente chegar o último e derradeiro confronto, dentro de casa, em um Staples Center lotado e eufórico. A emoção era inevitável e Kobe disse adeus com mais um show, vendo sua estrela brilhar pela última vez.

O Utah Jazz não tinha mais chances de classificação para os playoffs. O Los Angeles Lakers já havia perdido as esperanças antes mesmo da temporada começar. O clima da festa mostrava o tom amistoso do duelo e imaginar que os jogadores do Jazz afrouxaram a marcação para cima de Bryant não é nenhum absurdo. Deixa o cara jogar em paz, é a última vez que ele entra em quadra em um jogo oficial da NBA. O jogo que ele tanto amou e se dedicou por vinte anos. O Magic Johnson fez um discurso efusivo antes do início da partida, o Jay Z veio assistir e o Jack Nicholson aplaudia de pé como sempre. Mas mesmo assim não podemos dizer que estava tão fácil e alegre, afinal o Jazz liderava o placar e com muito pouco tempo restando no relógio parecia até que ia ganhar, que ia colocar água no chopp.

Pode até ter sido a marcação fraca, ele merecia. Mas a verdade é que o time todo do Lakers estava jogando apenas para Kobe Bryant. Era sua noite, era o seu adeus, era o seu último adeus depois de tantos ao longo da temporada. Um em cada cidade, até finalmente Los Angeles. O dono de cinco títulos, um dos maiores cestinhas de todos os tempos. No seu adeus ele marca 60 pontos, maior pontuação de um jogador em apenas um jogo da atual temporada. Nada mal para quem já fez 81 e é o segundo maior pontuador de um mesmo jogo na história toda da NBA. Kobe arremessou em seu adeus 50 vezes a bola, o resto do time todo tentou apenas 35 arremessos para marcar 46 pontos. Não era só uma questão de marcação leve, era uma questão de ser praticamente o único em quadra arremessando e sabendo o que estava fazendo, mesmo porque algumas de suas cestas tiveram um nível de dificuldade extremo.

Kobe dava adeus com um recorde pontual, mas ao mesmo tempo que se despedia, um outro time quebrava um recorde histórico. O Golden State Warriors também venceu na última rodada da temporada regular da NBA e alcançou a vitória de número 73, terminando com apenas nove derrotas. Stephen Curry chegou a 400 bolas de três pontos. Nunca antes na história um time venceu tantas vezes em uma mesma temporada. A última fez foi entre 1995 e 1996, quando o Chicago Bulls de Michael Jordan havia vencido 72 vezes e perdido dez. Naquele ano Jordan havia saído da aposentadoria e retornado ao time do Bulls para iniciar a sequência de mais três conquistas. E se ele nunca tivesse saído? E se ele pudesse ter continuado por mais alguns anos após ter saído novamente? E Se Kobe Bryant pudesse jogar mais? E se as estrelas desses grandes jogadores pudessem brilhar em quadra eternamente? O bom é saber que quando uma estrela se apaga, outra ascende, e a de Stephen Curry só está começando a brilhar.

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