Spieth e o colapso no Amen Corner
Os buracos onze, doze e treze do Augusta National Golf Club formam um tipo de uma curva, uma ponta e, talvez por isso ou principalmente por isso, foram carinhosamente apelidados de 'Amen Corner'. Em algumas transmissões de TV o 'Amen Corner' ganha até um destaque maior, acompanhando todos os jogadores que por ali passam, sendo uma alternativa ao 'Grupo dos líderes' ou 'Grupo de algum jogador mais famoso'. Foi ali que alguns dos mais emblemáticos jogadores fizeram história, mas foi ali que muitos entraram em colapso também. Neste ano de 2016 foi a vez do desastre total, uma tragédia que começou até mesmo antes do 'Amen Corner', ainda no buraco dez, quando um pequeno escorregão era apenas o início de uma queda maior até do que a glória de vencer.
No ano passado o Masters de Augusta via o surgimento de um fenômeno no mundo do golfe. O Masters de golfe é um torneio peculiar, ele é sempre disputado no mesmo lugar e se você não entende muito desse esporte, pode achar estranho um jogador fazer dezoito tacadas abaixo do par em um ano, com uma margem de apenas quatro tacadas, e no ano seguinte terminar acima do par. É o mesmo campo, na mesma época do ano. O 'Amen Corner' está sempre lá entre o onze e o treze. Mas cada ano é um ano. Às vezes é o clima, o momento do jogador e, principalmente, o posicionamento do buraco no green. Jordan Spieth queria ser apenas o quarto da história a ganhar o Masters em dois anos consecutivos, mas ele se tornou mais um que entrou em colapso no momento mais importante.
A segunda volta terminara e Jordan Spieth estava a seis rodadas na liderança. A série de triunfos consecutivos alcançaria ainda um sétimo dia, mas as coisas não estavam saindo como planejado. O campo do Augusta National Golf Club muitas vezes castiga seus jogadores como uma mãe furiosa castiga um filho que não se comporta bem. Coloca todos de castigo, não deixa quase ninguém bater menos do que o par do campo. Apenas Dustin Johnson, Daniel Berger e jogadores do nível de Rory McIlroy tem uma chance de não irem tão mal, e mesmo assim terminam com 71 tacas, ou seja, apenas uma abaixo do par. Spieth não encontra seu jogo, faz 74 e mesmo assim segue na liderança, afinal mesmo não sendo uma sexta-feira 13, era uma sexta-feira negra, perversa e cruel com a maioria dos jogadores, incluindo Danny Willett, que terminou o dia com 74 tacadas e uma indigesta décima quarta colocação.
O sábado não animou quase ninguém. Jordan Spieth terminou mais um dia seguido batendo acima do par, com 73 tacadas, e viu sua liderança ficar ameaçada. Muitos jogadores apareceram com chances, eles eram da Alemanha, Austrália e até mesmo do Japão. Porém, poucos deram importância a um certo inglês que havia pulado para a sétima colocação sem muito esforço. Duas semanas antes ele nem sabia que estaria classificado para o Masters, em 30 de março Danny Willett se tornou pai e tinha um motivo a mais para não se concentrar plenamente no primeiro Major do ano. Ele terminou o dia com o par do campo e mesmo assim ganhou sete posições na classificação. Três tacadas de diferença para o líder não eram nenhum absurdo. Manter o par não seria suficiente, mas, mesmo fazendo sua parte, não poderia sonhar ou imaginar que o adversário faria a dele de uma forma tão negativa como fez.
Danny Willett foi incrível no domingo. Ele fez cinco birdies e terminou o dia e o torneio com cinco tacadas abaixo do par. Jordan Spieth por sua vez fez um bogey no buraco cinco, mas havia feito birdie no dois e faria mais quatro seguidos, entre o seis e o nove. Spieth chegou a sete abaixo do par, praticamente assegurando o título. Mas então aconteceu o inesperado, o colapso. Dois bogey´s seguidos no dez e no onze, já entrando no 'Amen Corner'. No buraco doze, o único em que todas as tacadas fazem parte do 'Amen Corner', ele afunda de vez no lago. Literalmente falando ele manda duas tacadas para dentro da água, se bogey já é um ruim, imagina só um quatro-bogey. Quatro tacadas a mais no buraco doze e praticamente adeus ao sonho de vencer pela segunda vez consecutiva no Masters de Augusta. Enquanto isso só restou a Danny Willett comemorar, afinal ganhou o direito de vestir a jaqueta verde enquanto a taça caía no seu colo.
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