Medalha Black Power à venda
Era dia 16 de outubro de 1968 na Cidade do México, mais um dia comum se não fosse um fato histórico e marcante. As Olimpíadas iam muito bem obrigado, mas depois da prova dos 200m rasos vencida pelo americano Tommie Smith e com seu compatriota John Carlos em terceiro as coisas mudaram completamente. Juntos eles subiram ao pódio e resolveram protestar, abaixando a cabeça e levantando uma das mãos para o alto com o punho fechado vestindo luvas pretas. O gesto é conhecido como Black Power, a saudação típica do partido Panteras Negras que causou polêmica no país durante os anos 60 ao lutar pelos direitos dos negros. Os torcedores locais não entendem a atitude dos atletas e vaiam, o Comitê Olímpico acaba indo além e expulsa ambos da Vila Olímpica. "Se ganhamos somos americanos, se ganhamos e protestamos somos negros" declarou Smith na época.Tommie Smith já havia conquistado medalha de ouro um ano antes no Mundial de Tóquio. O atleta já viajou para o México levando as luvas com ele e pensando no que iria fazer, pensando em protestar contra a opressão que os negros sentiam em seu país. No dia em que tiveram a chance, Carlos acabou esquecendo sua luva na Vila Olímpica e por sugestão do australiano Peter Norman, segundo colocado na prova, usou a luva da mão esquerda de Tommie e por isso não levantou a mão direita no ato como era para ter feito ou como normalmente os Black Powers faziam. A atitude de ambos foi extremamente reconhecida anos mais tarde, pela coragem que ambos tiveram receberam até o prêmio Arthur Ashe entregue no ano de 2008. Um prêmio que tem um grande valor simbólico mas não monetário, uma necessidade que faz parte da vida de todas as pessoas deste planeta.
Se os governantes de cada país tivessem um pouco mais de preocupação com atletas que fizeram história para suas nações talvez as coisas fossem um pouco diferentes na vida de cada um desses heróis. Tommie Smith e John Carlos certamente sofreram na época em que resolveram protestar assim como todos os negros dos Estados Unidos e grande parte do mundo sofriam muito mais do que hoje em qualquer canto. Justo um país que viu Jesse Owens calar a boa dos nazistas em plena Berlim dos anos 30 ainda não tratava os negros com igualdade. Pelo que fizeram por seu país em termos esportivos e não sociais ambos mereciam estar no mínimo em condições plenas para viver bem até o final de suas vidas. E quem sabe até estejam melhor que muitos mas ter um poucos mais de dinheiro às vezes é preciso, por isso Tommie Smith resolveu colocar a sua medalha de ouro à venda em um leilão.As luvas pretas se perderam ao longo dos últimos anos, mas a medalha que para ele não representa muito além da lembrança do fato e as sapatilhas usadas na prova podem ser compradas. O valor inicial do leilão é de US$ 250 mil (aproximadamente R$ 413 mil ou 179 mil euros). Smith não quis comentar sobre o assunto mas o diretor do leilão afirmou que o ex-atleta está desesperado e certamente só está fazendo isso pelo dinheiro, infelizmente por falta de reconhecimento que vai além de pensar que o que ele fez foi certo e ajudá-lo a viver dignamente sob as necessidades da vida de cada cidadão. Agora ajuda financeira virá, e quem tiver essa grana toda para desembolsar estará adquirindo uma parte da história olímpica, um pedaço valioso de um acontecimento único que ajudou a mudar o mundo, a mudar pensamentos e que sem dúvidas tem um valor simbólico muito maior do que qualquer dinheiro pode pagar. (Fotos: Kevin Winter/Getty Images via PicApp)
2 Comentários:
Histórico mesmo!
Que atitude!
A diferença entre os negros norte americanos e os brasileiros, ou uma delas, é que lá a maioria encara, vai à luta; aqui é diferente, apesar de cada vez mais haver mobilização.
abç
Pobre Esponja
gostei mt do post... é issu aí.. lutando por igualdade racial...
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