Lendas das Olimpíadas - Antuérpia 1920

15:02 Net Esportes 2 Comments

Com cerca de 350 mil casos em 1988 e apenas mil no ano de 2009, a poliomielite se tornou uma doença à caminho de ser erradicada em todo mundo graças a campanhas de vacinação. Mas nem sempre foi assim, principalmente nas primeiras décadas do século passado. Muitas crianças foram vítimas e poucas conseguiram se livrar das sequelas. Por sorte uma delas acabou tendo um futuro 'salvador' quando procurou a vida esportiva, quando começou a nadar em busca de sua recuperação. O resultado para a americana Ethelda Bleibtrey não poderia ter sido melhor, pois se tornou a melhor de sua época, com recordes mundiais e claro com medalhas de ouro nas Olimpíadas.

Ethelda Bleibtrey nasceu em Waterford, no interior do estado de Nova York, bem próximo à divisa com Massachusetts. Nadando para esquecer a poliomelite, ela não poderia e nem conseguiria ficar muito tempo longe da costa, longe do mar, longe do Oceano Atlântico que estava ali tão próximo. Talvez por isso estivesse na cidade de Nova York em 1919. Neste ano viveu um de alguns dos fatos que marcaram tanto sua vida. Ethelda Bleibtrey quase acabou presa por dar um mergulho "nua" na praia de Manhattan Beach, ao lado de Coney Island. A opinião pública salvou sua pele porque a acusação se dava pelo simples fato de que ela havia apenas tirado suas meias antes de entrar na água.

Com meia ou sem meia, Ethelda Bleibtrey continuou nadando em mares e piscinas, onde alcançava um recorde mundial atrás do outro. Em 1920 as Olimpíadas voltaram a acontecer após o cancelamento de uma edição devido à Primeira Guerra Mundial. A Bégica recebeu as competições como uma homenagem do COI e pela primeira vez viu ser hasteada a bandeira branca com os arcos olímpicos. Pela primeira vez também teve uma prova de 300 metros nado livre para mulheres, mas ao lado dos 100 metros livres e do revezamento 4 x 100 metros eram as únicas disputas destinadas às nadadoras. Isso não desanimou Ethelda Bleibtrey, ela queria bem mais, porém conseguiu tudo que a fizesse entrar para a história como uma das maiores de todos os tempos.

Três medalhas de ouro com três recordes mundiais. Se houvesse uma competição de 100 metros nado costas a americana venceria sem qualquer problema também, pois tinha o recorde mundial desta distância na época. A versão feminina de Michael Phelps quase havia sido presa por nadar sem meias e quando foi para as Olimpíadas teve que prender ainda mais a respiração porque nadou nas condições precárias de um estuário. Mais tarde revelou quer era como nadar na lama. Ela jamais perdeu uma disputa enquanto amadora e se tornou profissional no ano de 1922. Já em 1925 acabou onde a queriam em 1919, atrás das grades, desta vez não porque tirou as meias ou algo mais, mas sim porque nadou no Reservatório Central Park durante uma campanha para instalação de uma piscina pública na cidade de Nova York.

Depois que Ethelda Bleibtrey tomou uma atitude ousada, nenhuma outra mulher precisou usar meias para entrar na água e nadar o quanto quiser. Depois que Ethelda Bleibtrey foi presa finalmente uma piscina pública foi inaugurada em Nova York pelo prefeito Jimmy Walker. Depois que Ethelda Bleibtrey ganhou três medalhas de ouro nas Olimpíadas podendo ter ganho muito mais, os Jogos passaram a ter cinco disputas femininas na edição seguite. Com Ethelda Bleibtrey dando aulas, muitas crianças deficientes aprenderam a nadar e mudaram completamente suas vidas. Tudo porque uma lenda olímpica nunca teve medo de tomar suas atitudes, porque ela se salvou dos problemas da poliomielite e conseguiu deixar o seu nome eternizado para sempre na história do esporte. (Foto: Arquivo)

2 Comentários:

Seres humanos como Ethelda me inspiram a desafiar aparentes limites. Estimulam a contrariar 'achismos' inúteis. Fazem-me acreditar que é possível, sim, é possível! Sonhar, arregaçar as mangas e fazer. Meu melhor. Que pode começar apenas tirando minhas próprias 'meias'.
Obrigado por nos contar mais este belo relato...

Net Esportes disse...

@Everton Domingues: Eu é que agradeço sua presença ilustre meu caro Everton ... e principalmente seu comentário extremamente apropriado e oportuno. Grande abraço!