O retorno triunfal de Liu Xiang

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GUANGZHOU, CHINA - NOVEMBER 24: Liu Xiang of China wins the gold medal in the Men's 110m Hurdles at Aoti Main Stadium during day twelve of the 16th Asian Games Guangzhou 2010 on November 24, 2010 in Guangzhou, China. (Photo by Mark Dadswell/Getty Images)
Em algum lugar de Cardiff, a capital e uma subdivisão administrativa autônoma do País de Gales, alguém escutou no rádio ou viu na TV em 1993 que o Colin Jackson era o novo recordista mundial dos 110m com barreiras. Conhecendo ou não o físico do atleta em questão era praticamente impossível duvidar da informação imaginando que certamente se tratava que um homem negro, forte e um típico competidor das provas rápidas do atletismo. Eram 12s91 correndo e saltando os obstáculos, eram os mesmos 12s91 que foram igualados pelo vencedor da mesma prova nas Olimpíadas de Atenas em 2004. O responsável pela façanha no entanto não se parecia em nada com Jackson, o mundo e qualquer morador de Cardiff assim como qualquer morador de Shanghai se espantava com um homem branco, de origem asiática que fazia história na Grécia. Liu Xiang se tornava uma lenda, para provar definitivamente que a China era mesmo capaz nos esportes que jamais havia conseguido brilhar.

O ouro que já havia conquistado nos Jogos Asiáticos de Busan veio também quatro anos mais tarde em Doha. A afirmação maior acabou acontecendo em Osaka no ano de 2007, quando Liu Xiang conquistava o campeonato mundial de atletismo depois de ter estabelecido no Super Grand Prix de Lausanne o recorde mundial da distância com o tempo de 12s88. As coisas não poderiam ser melhores para o corredor chinês que se tornava um dos maiores ídolos de seu país no esporte, era uma das maiores estrelas com fama mundial ao lado do jogador de basquete da NBA Yao Ming. O problema todo foi que sempre acaba surgindo um problema quando tudo parece tão perfeito e maravilhoso na vida. Liu estava em uma competição na cidade de Nova York quando sentiu um problema no tendão de Aquiles. A temporada na Europa estava cancelada e ele iria apenas treinar para realizar no ano seguinte um dos maiores sonhos de sua carreira.

Desaparecido, completamente protegido principalmente por seus patrocinadores e ninguém sabia absolutamente nada sobre Liu Xiang. Até que no dia 18 de agosto de 2008 a grande estrela entrou no estádio Ninho de Pássaro, em Pequim. A esperança, a ansiedade, a aposta dos organizadores para o sucesso total de sua Olimpíada deram lugar a um drama que deixou o mundo pasmo e sem saber o que pensar. Liu não consegue nem dar a largada para as eliminatórias dos 110m com barreira, sente a lesão mais uma vez e precisa sair de cena carregado, deixando todo o estádio em um silêncio atordoante, com olhos confusos e cheios de lágrimas. O sonho de um glória diante de seu povo terminava ali, restando apenas fazer um pedido de desculpas a todos pelas expectativas frustradas e prometer voltar um dia, um dia que demorou um pouco para se tornar realidade, mas com paciência e perseverança tudo acaba sendo possível.
China's Liu Xiang celebrates winning the men's 110m hurdles final at the 16th Asian Games in Guangzhou, Guangdong province, November 24, 2010.   REUTERS/David Gray (CHINA - Tags: SPORT ATHLETICS)
Busan, Doha e por que não Guangzhou. O atleta asiático que provou ao mundo ser possível vencer nas provas que antes eram impossíveis tinha que brilhar em suas terras, no seu país. De volta para onde tudo começou, na China, nos Jogos Asiáticos, totalmente recuperado de seus problemas físicos e totalmente relaxado, sem a pressão que sofreu tanto em 2008. Liu Xiang vence os 110m com barreiras com o tempo de 13s09, um tempo alto que ainda está longe do novo recorde mundial estabelecido por Dayron Robles, o cubano que aproveitou o problema do rival para vencer em Pequim. Mas um tempo e uma vitória que pelo menos mostram a volta por cima do atleta que parecia acabado, destruído e enterrado após o dia triste e lamentável que viveu quatro anos após ter feito o improvável se tornar realidade. Londres 2012 está chegando, e desta vez seu rumo tem tudo para ser em frente e para o alto, quem sabe ganhando o ouro novamente, quem sabe abrindo de novo as portas para os asiáticos nas modalidades dos negros que nunca deveria ter sido fechada. (Fotos: Mark Dadswell/Getty e David Gray/Reuters Images via PicApp)

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