Seria uma alegria no final do dia?
Talvez ele tenha acordado cedo demais. Muito provavelmente trocou de horário no trabalho com alguém. Era preciso estar livre à noite porque tinha conseguido ingressos para o jogo do New York Knicks no Madison Square Garden. Então pegou o metrô lotado e foi trabalhar. Empurra empurra e o velho sentimento de parecer um sardinha enlatada. Pelo menos a nova linha amarela que demorou milhares de anos para ficar pronta é moderna e eficiente. O problema maior é o frio, já estamos em abril e ainda fazem menos de dez graus nas ruas. Os colegas de trabalho são irritantes, os clientes sempre tem razão e às vezes gritam demais, o patrão é exigente é o supervisor cobra muito e sobrecarrega o pobre funcionário. Pelo menos ele tem um salário e não foi para a rua como aqueles que trabalhavam no Carnrgie Deli.
Nos raros momentos de folga pode se sentar um pouco, o uniforme está sujo e mesmo com tanto frio do lado de fora o suor brota em sua testa, muito provavelmente pelo calor que faz na cozinha super equipada para oferecer uma comida quente para turistas e novaiorquinos famintos e insaciáveis. A vontade é visualizar uma vida melhor no futuro, quem sabe pelo menos poder ver o seu time disputando os playoffs mais uma vez. Mas a realidade é dura para o Knicks neste ano, mesmo quando pensou que Phill Jackson iria resolver todos os problemas, que Derrick Rose era a solução ou que Porzingis era a salvação. Com Carmelo Anthony não tinha erro e Joakim Noah era mais do que um simples complemento. Pelo menos deveria ser.
Finalmente chega a hora de ir embora, mas não para sua casa no Queen´s. No entanto, poderia chamar de segunda casa, de um lar para a busca da felicidade, mas que na verdade se tornou um pesadelo. A dois dias o Boston havia atropelado, e hoje era a vez de encarar o Chicago. O ingresso adquirido foi o mais barato, aquele que o dinheiro pôde comprar, negociado pela Internet a muito tempo, ainda no início da temporada, na época que sonhava ser este dia um dia mais feliz, um dia que estariam brigando por uma vaga nos playoffs pelo menos. Lá no alto, bem longe da quadra, os sonhos parecem distantes também. Rose se machucou e está fora, Noah foi suspenso e Porzingis também não joga. O que poderá fazer Anthony sozinho?
Alegre-se um pouco, esqueça os problemas. Aprecie as cheerleaders e deixe transparecer em seu rosto aquele velho sorriso que se foi a tanto tempo. O Chicago Bulls luta contra Indiana e Miami para manter sua vaga nos playoffs, aquela que parecia pertencer ao Knicks quando formou o time desse ano, mas quem entra no jogo parecendo que luta por alguma coisa é a equipe de Nova York. Mesmo que os playoffs não sejam mais possíveis, mesmo que o time seja quase todo reserva, mesmo que os números de Carmelo Anthony não representem nada como representam os de Russell Westbrook, mesmo que seja para apenas alegrar uma das quase vinte mil pessoas que lotam o Garden, a lendária arena que um dia não existirá mais. Aquele velho palco de um espetáculo que vai além dos teatros da Broadway, porque ele trás a alegria para o final de um longo dia.
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