Realidade do Real é a realeza realçada
É muito fácil ser comentarista de futebol. Para isso basta falar como está jogando o Cristiano Ronaldo. A regra é bem simples: Se o português fizer gol ele está jogando bem, se ele não balançar as redes então ele está jogando mal. Não existe nenhum comentarista que consiga ver além disso. E foi o que bastou para o gajo receber as menções de "apagado" e "sumido" nos dois jogos da semifinal da Champions League e na final. Parece até que tudo que ele já havia feito até ali, incluindo gols em todos os outros jogos, golaço de bicicleta monstruoso e ser o artilheiro da competição, não valeram de nada. Tudo é completamente esquecido e Gareth Bale se torna o grande herói, até de forma merecida, e ainda por cima com um gol de bicicleta quase tão impressionante quanto o que havia sido feito pelo companheiro de clube.
Mais fácil que isso só mesmo crucificando o vilão do jogo. A maioria dos jogos não tem necessariamente um vilão, mas quando essa eleição se torna fácil demais então todos aproveitam. Mexer com a emoção das pessoas através de um dramaticidade parece ser mais interessante até mesmo do que ficar falando que o CR7 não jogou nada, só porque não fez mais um golzinho. E sobrou para o goleiro alemão Loris Karius se tornar protagonista, mesmo que de forma negativa. Ele saiu jogando errado no gol de Benzema antecipando o Natal do francês com o melhor dos presentes. E se toda essa bondade e benevolência já não fossem suficientes, ele ainda fez outro favor ao Real Madrid, desta vez consagrando de vez o galês Bale quando ao invés de socar a bola ele tentou segurá-la e ela foi parar no fundo do gol.
Um gol lindo e outros dois gols "recebidos". O placar de 3 a 1 para o Real Madrid não parece traduzir um realidade muito real, mas mostra uma realeza realçada. A equipe merengue não fez um bom campeonato espanhol e passou a temporada inteira correndo atrás do Barcelona que foi o grande campeão. O time de Zidane terminou em terceiro lugar, três pontos atrás do rival da mesma cidade Atlético de Madrid. O artilheiro da competição foi Lionel Messi com 34 dos 1024 gols marcados em "La Liga". Essa era a real realidade, a de que o Real Madrid não estava bem esse ano e de que o grande favorito para tudo era o PSG, com Neymar, brigando diretamente com o Barça de Messi, até que tudo mudou quando a realeza do Real foi enfim realçada.
Sorteio de confrontos em campeonatos mata-mata está se tornando cada vez mais comum, ainda bem que na Copa do Mundo isso ainda não é feito, e tomara que nunca seja. O Real da realidade foi mal na primeira fase da Champions, e o sorteio antecipou um confronto que todos gostariam de ver lá na frente e não nas oitavas de final. Real contra PSG logo de cara, com um dos dois já dando adeus. E a realeza prevaleceu então sobre a realidade. O PSG sobrou no campeoanto francês, mas faltou muito na Liga dos Campeões. O caminho então pareceu ficar livre e o Barcelona poderia vir apenas em uma eventual final, mas o time de Messi também resolveu sair mais cedo. O Barça perdeu da Roma, que por sua vez viria perder para o Liverpool, que por acaso havia ganho do Manchester City, um outro favorito que caiu precocemente. Virou uma grande bagunça nas previsões e o Real na final mais uma vez.
o Cristiano Ronaldo não fez mais gols. O goleiro rival falhou grotescamente. A realidade era dura para alguns e realeza soberana e realista para o Real. O décimo terceiro título chega para o maior vencedor de todos os tempos. O quarto título em cinco anos chega para o maior time do mundo que vivia um ano difícil. O quinto título do Cristiano Ronaldo se consolida e mesmo assim ele recebe críticas. Assim é o Real Madrid, ele acaba com favoritismos criados pela mídia, ele supera a realidade do maior rival espanhol e realça a sua realeza no momento decisivo, mesmo que para isso tenha precisado contar com o brilhantismo de um reserva de luxo ou a falha de um goleiro desatento.
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