Marcado por um erro ... ou não
A história da equipe de beisebol do Boston Red Sox se entrelaça profundamente com a famosa e terrível "Maldição do Bambino". Durante 86 anos eles foram atordoados por uma seca de títulos que só não foi maior do que a longa jornada sem conquistas do Chicago Cubs, que durou mais de 100 anos. Muitos torcedores morreram antes de 2004, quando finalmente ergueram a taça da World Series novamente, e o fizeram outras três vezes depois disso. Mas eles pensaram que isso iria ter acontecido em 1986, como quase aconteceu algumas outras vezes antes dessa, porém sendo que nenhuma delas talvez estivesse tão próxima, ou tão perto das mãos de um único jogador que acabou ficando marcado por um erro ... ou não.
Com 3 a 2 na disputa e um amplo favoritismo, o Boston Red Sox chegava ao jogo seis da World Series de 1986 contra o New York Mets quase comemorando antes da hora. O empate neste duelo, no entanto, persistiu até a décima entrada, quando um fato lamentável ocorreu para a tristeza e fim de um sonho que parecia eterno. Normalmente o técnico John McNamara substituía o jogador Bill Buckner quando sua equipe jogava na defesa, mas desta fez ele não o fez. O Mets consegue uma rebatida aparentemente simples, a bola segue rolando pelo chão no campo direito em direção à primeira base, mas Buckner não consegue segurá-la e a vê passando ao lado de sua mão com a luva e por baixo de suas pernas. Foi culminante e decisivo, o Mets anotou a corrida vencedora e venceu também o jogo 7, enterrando ali as esperanças do Red Sox.
Bill Buckner ficou marcado por aquele erro crucial, mesmo que tenha tido uma carreira grandiosa. Ele passou por times como Los Angeles Dodgers e Chicago Cubs, rebateu mais de 2.700 vezes, anotou 174 home runs e impulsionou mais de 1.200 corridas. Ele ganhou o prêmio de melhor rebatedor da Liga Nacional em 1980 e esteve no All Star Game de 1981. Por outro lado nunca anotou pelo menos três corridas no mesmo jogo, algo que muitos jogadores fazem em um domingo qualquer. Mas isso também não iria fazer muita diferença, um título não iria fazer muita diferença, ele não precisava de uma conquista, ele precisava daquela conquista. Havia agora uma sombra pairando em seus ombros, eles estava definitivamente marcado por aquele erro grotesco ... ou talvez não, talvez possamos ser mais tolerantes e resilientes, podemos exercer o poder do perdão.
O que Bill Buckner fez naquele jogo seis da World Series de 1986 nunca poderá ser apagado. E o que ele fez durante toda a sua carreira também não. Depois de sair do Red Sox em 1987, ele voltou ao time em 1990 para encerrar sua carreira na equipe onde o seu erro é mais lembrado que seus feitos. A torcida o recepcionou bem e o aplaudiu, assim como em 2008, quando já celebravam o título pela segunda vez após o fim do jejum e o convidaram para a arremesso inicial simbólico. É como o próprio Bill Buckner declarou uma vez em uma entrevista - "Aquele meu erro não pode ser condenado eternamente, é como se fosse passada a um jovem uma mensagem de que ele não poderia nem tentar, e todos devem tentar sem medo de errar, pois o erro faz parte do jogo". Essa lição de vida deve ser mais vangloriada do que o erro marcante, pois ele superou aquele dia e teve uma grande vida, até o dia 27 de maio de 2019, quando foi vítima de um tipo de demência e deve que partir.
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